Com 98,47% dos votos contados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o candidato conservador da aliança de centro-direita CREO-Partido Cristão Social (PSC) acumulou 52,50% dos votos válidos após a meia-noite.
Enquanto isso, seu concorrente nas pesquisas, o representante da coalizão progressista e de esquerda União pela Esperança (UNES), Andrés Arauz, alcançou 47,50 pontos percentuais. A vitória chocou os setores que haviam apoiado a UNES durante a campanha eleitoral para o segundo turno na véspera, assim como aqueles que haviam depositado sua confiança nas urnas que mostraram a UNES na liderança.
Da mesma forma, foi um golpe para aqueles que temiam uma possível vitória da Lasso, pois na opinião de muitos, ele co-governou com Lenín Moreno, atual presidente, cuja administração se distanciou da plataforma programática com a qual ele obteve apoio majoritário nas eleições de 2017.
Ao ser proclamado dignitário, o representante do CREO-PSC ratificou promessas como a recuperação das fontes de emprego, o aumento do salário básico de 400 para 500 dólares, o incentivo aos empresários com apoio financeiro, educação de qualidade, universidades acessíveis a todos e melhores cuidados de saúde.
Suas propostas coincidem com um período difícil para o país, mergulhado em uma crise econômica e sanitária devido à propagação do Covid-19, com o qual o defensor da banca privada terá que lidar.
Para vários grupos sociais, o custo da decisão popular será elevado, com impacto especial sobre a classe trabalhadora, ressentida com demissões, diminuição da renda e aumento das necessidades básicas, entre outros problemas.
Quanto aos resultados do segundo turno eleitoral, o analista acadêmico e político Fernando Casado disse ao Prensa Latina que a UNES perdeu o voto por três razões fundamentais e com uma diferença de cinco pontos, não muito grande, mas fundamental para falar de uma vitória clara da Lasso.
‘Por um lado, há uma vitória muito clara em Pichincha, onde com a contagem de votos quase completa, a diferença é de 30 pontos, levando em conta que a província representa 17% do total do eleitorado’, disse ele.
O segundo ponto, ele estimou, está relacionado a Guayas, onde 22% dos eleitores são e uma margem a favor de Arauz era esperada maior que os 5% obtidos com relação a Lasso, embora ele tenha considerado necessário levar em conta que este território sempre foi feudo do Cristianismo Social.
Finalmente, ele apontou como decisivo que o voto nulo promovido pelo Partido Pachakutik, terceiro no primeiro turno das eleições, acabou sendo um apoio maciço ao CREO-PSC.
‘Vamos ter em mente que em algumas províncias a margem é de 75% contra 25%, portanto, embora em territórios como Cotopaxi, Chimborazo e Tungurahua a diferença é de apenas dois ou três pontos, finalmente tem sido esmagadora’, enfatizou ele.
Na mesma linha, ele observou que na votação venceu o candidato da extrema direita, da guerra suja e das campanhas baseadas na banalização da política, esvaziando de conteúdo uma proposta programática racional e, de alguma forma, o tiro ao medo também triunfou.
‘Vimos isso em outros lugares com Jair Bolsonaro (Brasil), Donald Trump (Estados Unidos) e novamente aqui esse tipo de política, porque eles têm sido vitoriosos’, acrescentou ele.
Em sua opinião, a partir de agora abre-se um panorama muito complexo para o Equador, com uma continuidade dos últimos quatro anos.
Também será necessário ver como o novo presidente resolve a questão na Assembleia Nacional, onde seu partido tem um número minoritário de legisladores e terá que fazer pactos com um Parlamento extremamente fragmentado.
‘Em qualquer caso, a onda progressiva na América Latina, com as últimas vitórias da esquerda, foi interrompida no Equador’, concluiu ele.
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