Por nove votos contra dois, o STF pleno decidiu ontem que cabe aos 11 ministros da corte, e não a sua segunda classe, julgar os recursos contra uma decisão do Ministro Luiz Edson Fachin.
Fachin decidiu em 8 de março que a 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba não tinha jurisdição para decidir sobre casos envolvendo Lula e anulou suas decisões.
Fachin considerou o tribunal inapto para processar os casos do apartamento triplex no Guarujá e no sítio em Atibaia, assim como dois casos envolvendo o Instituto Lula.
Com esta decisão, as acusações contra o fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) foram anuladas e ele reconquistou todos os seus direitos políticos.
Entretanto, o ministro preservou as violações do sigilo, as interceptações e o material resultante das notas e apreensões.
Os autos, que se encontravam em Curitiba, foram enviados ao Tribunal Federal do Distrito Federal, por ordem do juiz.
O julgamento será retomado nesta quinta-feira e os juízes do Supremo Tribunal Federal considerarão se devem ou não confirmar a decisão de Fachin e se a decisão sobre a suspeita de parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro, ex-juiz do tribunal de Curitiba, perdeu seu propósito.
Outras questões levantadas pela Procuradoria Geral e pelos advogados do Lula ainda não foram votadas e avaliadas.
O juiz Ricardo Lewandowski se pronunciou contra a análise do plenário e disse que era ‘estranho’, já que os tribunais ouvem milhares de recursos por ano.
‘A última vez que isso foi feito, com aquele habeas corpus, que discutia a presunção de inocência, custou ao ex-presidente (Lula) 580 dias de prisão e o impediu de concorrer à presidência’, disse ele.
De acordo com Lewandowski, o ‘juiz natural’ na época foi anulado. ‘A questão foi levada ao plenário em uma excepcionalidade que eu acho que a Suprema Corte tem que explicar’, acrescentou ele.
‘Toda vez que se trata do ex-presidente, o caso muda a questão’, comentou ele.
O site Brasil 247 relatou que o julgamento da Suprema Corte está causando apreensão entre os principais líderes do PT.
O medo é que a liminar seja mantida, mas ao mesmo tempo debates futuros sobre a arbitrariedade da Moro perderão objeto, como argumentou Fachin.
Neste caso, Lula manteria seus direitos políticos, mas estaria aberto à possibilidade de novas condenações, especialmente no caso do sítio de Atibaia, e se retiraria novamente da corrida presidencial em 2022.
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