O paradeiro de seu corpo permanece um mistério. Mais de cinco décadas se passaram desde que o Segundo Comandante, junto com outros camaradas, entrou nas selvas de Oran, em Salta, para continuar a luta com outro argentino.
Ele o havia conhecido um ano antes do Triunfo da Revolução Cubana, em 1958, quando, como repórter da Rádio El Mundo, foi enviado a essa ilha para entrevistar um compatriota que estava fazendo história na Sierra Maestra com Fidel Castro.
Um destino histórico e transcendental que mudaria para sempre sua vida e sua maneira de ver o mundo.
Graças ao pedido de Ernesto Che Guevara, por iniciativa do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, para fundar a Prensa Latina em 16 de junho de 1959, Masetti voltou a Havana para realizar a criação de uma agência com uma visão muito definida.
Esses foram os primeiros dias da Revolução triunfante e no calor de um grupo de repórteres que se tornariam as principais luzes do jornalismo latino-americano, como o colombiano Gabriel García Márquez, ele comandou o início de uma mídia nascida para contrariar os grandes monopólios que distorciam a realidade de Cuba e do mundo.
‘O jornalismo tem que ser objetivo, mas nunca imparcial, porque não se pode ser imparcial entre o bem e o mal’, essa frase cunhada e herdada por mais de seis gerações que fizeram da Prensa Latina uma agência a serviço da verdade, ainda está viva, contrariando os monopólios, fazendo-o com veracidade e objetividade.
Em seus curtos 35 anos, Masetti deixou uma marca indelével ao lado dos pais fundadores da agência, que hoje – em meio a uma difícil pandemia – continua a fazer jornalismo em mais de 40 países.
Nestes tempos de infodemia, desinformação e redes sociais, Masetti está presente em muitos que trabalham com veracidade e pregam aquela máxima que ele impregnou quando expressou que o jornalismo comprometido deve ser objetivo, mas nunca imparcial porque não se pode ser imparcial entre o bem e o mal.
Como seria Masetti na Argentina de hoje, convulsionado por uma pandemia e uma fenda cada vez mais palpável que é, em parte, de responsabilidade dos grandes monopólios da mídia?
Como ele veria a América Latina de hoje, é a questão que perpassa a mente dos jovens comunicadores do país onde ele nasceu, onde muitos afirmam que há uma dívida eterna com o homem que, junto com Rodolfo Walsh e outros escritores, promoveu a fundação da Prensa Latina.
Hoje, jornalistas como Sebastián Salgado, professor da Universidade de La Plata, está tentando saldar essa dívida. Ele está ensinando com dedicação seus alunos sobre a carreira de Masetti, sua marca e o testemunho que deixou em Los que luchan y los que lloran (Os que lutam e os que choram).
Muitos que o conheceram enfatizam que ele foi um jornalista de seu tempo, revolucionário, militante, que defendeu suas ideias e a luta por um mundo com justiça social.
‘Que seu nome permanece quase tão ignorado em seu país quanto o pedaço de selva que esconde seus ossos era previsível para Masetti’. Jornalista, ele soube construir nomes e tecer esquecimento’, foi assim que outra grande caneta deste país, seu amigo Rodolfo Walsh, o definiu.
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