O povo já disse que basta, porque também querem a paz e o fim dos massacres, dos assassinatos de líderes sociais e da perseguição aos opositores, disse o artista e membro do movimento Colômbia Humana em entrevista ao Prensa Latina. Segundo Muñoz, a reforma tributária proposta pelo Presidente Iván Duque, que a retirou ontem diante da pressão popular, foi um elemento adicional que alimentou o descontentamento, em meio ao impacto da pandemia de Covid-19 e das respostas governamentais destinadas a beneficiar o setor financeiro.
É por isso que a greve e os protestos vão continuar, as pessoas não podem mais resistir às consequências de 70 anos de um conflito social estrutural que se armou na época, um cenário que degrada a sociedade, com uma economia à beira do colapso, disse ele.
Para o pré-candidato ao Congresso da República dos colombianos que vivem no exterior, a reforma tributária e seu ataque à classe média e aos estratos populares não pode ser vista como uma novidade.
As medidas dos governos das últimas décadas, inclusive na época da Covid-19, foram para favorecer o setor financeiro, que gera pobreza, miséria e dívida, e não emprego ou bem-estar, deixando para morrer as empresas que produzem e fornecem empregos, ressaltou.
Muñoz insistiu que os colombianos estão cansados das políticas de ganância e morte, o que explica porque eles estão tomando as ruas apesar da repressão violenta.
Nesse sentido, ele convidou a comunidade internacional a apoiar as reivindicações e a conhecer a verdade do que está acontecendo na nação sul-americana, uma realidade que ele considerava escondida pela imprensa.
O mundo tem que saber, porque a democracia colombiana tem sido durante décadas uma ditadura disfarçada por governos que não ouvem o povo, e até mesmo apoiada por traficantes de drogas e pelo crime organizado, ele advertiu em suas declarações à Prensa Latina.
Muñoz garantiu que a mídia e os políticos de direita não querem falar sobre o fenômeno da migração, resultado direto da deterioração socioeconômica do país.
É escandaloso, calculamos que até 10 milhões de colombianos deixaram sua pátria, o que vem acontecendo desde os anos 60, alguns perseguidos e com suas vidas em risco como eu e outros em busca de oportunidades e um futuro que não podem encontrar ali, sem contar os milhões de camponeses deslocados pelo conflito, que alimentam o cordão da miséria, disse ele.
Com relação à situação colombiana, ele saudou a posição do líder de La Francia Insumisa, Jean-Luc Mélenchon, para denunciar a repressão e pedir uma missão internacional para tratar do que está acontecendo e acompanhar o povo.
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