Citando o Instituto de Segurança Pública, o jornal Correio Braziliense garante que o número, embora muito alto, é inferior ao número total de vidas perdidas nos dois anos anteriores. Em 2019, havia 1.814 e no ano anterior 1.534.
Depois de observar que ‘as mortes devido à intervenção de agentes estatais atingiram o nível mais baixo dos últimos três anos’, o instituto destaca a decisão do Supremo Tribunal Federal que proibiu as operações policiais no Rio durante a pandemia de Covid-19, exceto em ‘hipóteses absolutamente excepcionais’.
O número de mortes em operações policiais voltou aos holofotes depois que 29 pessoas, incluindo um policial civil, foram mortas na quinta-feira na comunidade de Jacarezinho, na Zona Norte do Rio.
A Ordem dos Advogados do Brasil considerou a ação policial a mais mortal da história da divisão territorial turística do país.
Além dos mortos, também houve feridos. Dois passageiros do metrô foram atingidos – um por balas perdidas e o outro por fragmentos de vidro – mas sobreviveram.
A Polícia Civil justificou a ofensiva armada afirmando ter recebido informações de que os traficantes locais de drogas estavam recrutando crianças e adolescentes para atividades criminosas.
Em uma declaração, a agência de aplicação da lei defendeu a necessidade de operações nas favelas.
‘A ação foi baseada em inteligência concreta e investigação. Naquela época, os criminosos reagiram com força. Não apenas para escapar, mas com o objetivo de matar’, argumentou a polícia.
Membros de organizações humanitárias e de direitos humanos, que estavam em Jacarezinho após o massacre, relataram que os locais dos crimes foram destruídos antes que os peritos forenses pudessem realizar testes neles.
‘O primeiro impacto inicial foi a quantidade de sangue nas ruas’ da favela, disse a defensora pública Maria Júlia Miranda após a visita.
Ela descreveu quartos de casas cobertas de sangue, incluindo o quarto de uma criança, e mães procurando seus filhos nas ruas.
O Ministério Público do Rio disse que investigará as alegações de abusos e possíveis execuções durante o confronto.
Por sua vez, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, por sua vez, solicitou uma investigação imparcial e completa da operação policial em Jacarezinho.
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