Nos dias 15 e 16 de maio, será realizada uma megaeleição em que pouco mais de 14 milhões e 900 mil eleitores terão que escolher os 155 membros da convenção que redigirão a nova Constituição, 16 governadores regionais, 346 prefeitos e milhares de vereadores.
Entre os 155 constituintes, 17 cadeiras estão reservadas para representantes dos povos indígenas, que pela primeira vez terão voz e voto como tal, abrindo um novo capítulo na vida política deste país sul-americano.
O reconhecimento secularmente reivindicado por essas populações começará, assim, a ganhar espaço e é certo que a nova Constituição identifica o Chile como um Estado plurinacional.
A aprovação de uma fórmula para a participação indígena na elaboração da Carta Magna teve dificuldades e foi alcançada após longos debates no Congresso Nacional, nos quais as forças de direita se opuseram a uma maior representatividade.
Da oposição e das lideranças das comunidades indígenas insistiram em todos os momentos que o adequado seria 25 cadeiras e não 17, considerando que 12,8% da população do país se identifica como pertencente a um povo indígena.
No entanto, essas 17 cotas são consideradas um passo importante e uma vitória nas longas lutas das comunidades ancestrais por seus direitos, em um país onde sempre foram excluídas das decisões políticas.
Destes lugares, sete correspondem ao povo mapuche, os mais numerosos, dois aos Aimara e um, respectivamente, às comunidades Rapa Nui, Quechua, Atacameña, Diaguita, Colla, Kawashkar, Chango e Yagán, as dez comunidades étnicas oficialmente reconhecidas.
Segundo dados do Serviço Eleitoral (Servel), um milhão 239 mil 295 pessoas formam o cadastro indígena definitivo para as eleições.
Desse total, 86% correspondem ao povo mapuche, seguidos em ordem decrescente pelos aimarás, diaguitas, atacameños, collas, quechuas, rapanui, changos, kawashkar e yaganes.
O território do país que concentra o maior número de pessoas identificadas como indígenas é a região metropolitana, com 302 mil 796 eleitores, seguida por La Araucanía com 265 mil 468, e Los Lagos com 177 mil 308, enquanto Ñuble é o que tem a menor, com apenas 7.282, indicava o Servel.
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