A verdade é que ministros, funcionários e conselheiros, inclusive eu, falhamos desastrosamente em cumprir os padrões que o público tem o direito de esperar de nós em uma crise como esta, disse o polêmico conselheiro perante duas comissões parlamentares que investigam a gestão da pandemia pelo executivo.
Por se distanciar de Johnson no final do ano, Cummings, que foi um dos arquitetos da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, tornou-se a pedra clássica do sapato do governante conservador com suas descobertas e acusações nas redes sociais.
Segundo o agora ex-assessor, o plano inicial do governo era limitar a intervenção contra a Covid-19 na esperança de conseguir a chamada imunidade de rebanho, ideia que ele afirma ter sido abandonada somente depois que cientistas alertaram sobre o elevado número de mortes que resultariam dessa estratégia.
Durante sua aparição nesta quarta-feira perante os comitês de Saúde e Ciência da Câmara dos Comuns, Cummings acusou Johnson e seus ministros de atrasar a imposição dos confinamentos, depois de afirmar que em fevereiro de 2020 ainda não havia ‘senso de urgência’ no governo.
Segundo o ex-dirigente, o governante conservador, que em abril do ano passado contraiu a Covid-19 e estava prestes a morrer da doença, a princípio não levou a sério a ameaça à saúde e além de se referir a ela como nova ‘febre suína ‘ofereceu-se para se inocular com o vírus diante das câmeras de televisão.
Horas antes da aparição de Cummings perante os comitês parlamentares, a legisladora trabalhista Lisa Nandy apontou que verdadeiras ou não, as afirmações do ex-conselheiro colocaram a reputação de Johnson em questão, então ela considerou que o chefe do governo deveria dar uma explicação.
O primeiro-ministro britânico anunciou no início deste mês que haverá uma investigação pública e independente sobre o manejo da pandemia, admitindo que há muitas lições a serem aprendidas.
Com quase 4.500.000 casos positivos e cerca de 128.000 mortes, o Reino Unido é o país europeu mais afetado pela Covid-19 e o quinto no mundo depois dos Estados Unidos, Brasil, Índia e México.
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