Um relatório oficial afirmava no início do dia que Castillo tinha 50,206% dos votos e sua rival neoliberal, Keiko Fujimori, 49,74%, sem os votos dos peruanos que vivem no exterior, nos quais seu rival confiava, conseguiu reverter a luta.
‘Segundo o relatório dos nossos representantes, apuração oficial do partido, o povo se impôs neste feito, que saudamos’, disse ontem à noite o candidato do partido Peru Libre, a tempo de pedir para não cair na provocação .
Por isso, num discurso da varanda das instalações do seu partido, apelou aos seus seguidores para que se mantenham vigilantes mas calmos e sem cair em provocações.
Assumindo o papel de presidente eleito, disse ainda que vai criar ‘um governo que respeite a democracia, a atual Constituição. Vamos criar um governo com estabilidade financeira e econômica’ e disse que momentos antes falou ‘com o empresariado’ mostrando o apoio do povo.
Segundo a contagem do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), Castillo tem 71.764 votos a mais que Fujmori e chega a 8.735.484, enquanto sua rival chega a 8.663.684.
O candidato do partido fujimorista Fuerza Popular (FP) à primeira vice-presidência, Luis Galarreta, confirmou as insinuações de fraude que atribui ao Peru Libre e confirmou que seus representantes, com o reforço de uma dezena de escritórios de advocacia privados, lutarão contra a suposta fraude.
Isso implica, segundo se constatou, buscar a nulidade dos registros de votos favoráveis a Castillo e defender que os que favorecem Fujimori, sejam observados pelo ONPE ou contenham votos contestados pelo Peru Libre.
O jornalista conservador Oscar Díaz, que apoiou Fujimori durante a campanha e participou da campanha de demolição da mídia contra Castillo, aconselhou a candidata a abandonar o argumento de fraude insustentável e reconhecer a vitória de sua rival.
Ele lembrou que a candidata apelou de argumentos semelhantes quando perdeu para Pedro Pablo Kuczynski também em uma final apertada, em 2016, quando obteve uma ampla maioria parlamentar com a qual desencadeou uma grave crise política em que houve três mudanças de presidente.
O presidente do Júri Eleitoral Nacional (JNE), Jorge Salas,qualificou como ‘absurdo, incorreto e mal informado’ as denúncias de fraude que visam quebrar o processo eleitoral, sem citar Fujimori.
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