A discussão foi convocada pelo ministro Gilmar Mendes do STF, relator do habeas corpus sobre o assunto.
O portal Consultor Jurídico garante que será a primeira vez que se discutirá um veredicto adotado pelo tribunal superior, destinado à verificação.
A convocação foi aprovada pela segunda câmara da Suprema Corte em 13 de abril, no exame do pedido de prorrogação do habeas corpus no qual, em outubro de 2020, o colegiado determinou a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar de pais e tutores de crianças menores de 12 anos de idade. Da mesma forma, para pessoas com deficiências, com base nas exigências do artigo 318 do Código de Processo Penal.
De acordo com o magistrado, a audiência será uma oportunidade para esclarecer dúvidas e dificuldades no cumprimento desta determinação.
Em sua opinião, o confronto é necessário dada a escassez de informações e uma ‘certa resistência’ para implementar ordens e jurisprudência do STF em relação ao sistema de justiça criminal.
Para o orador, as discussões devem abordar a questão anterior do chamado Estado das Coisas Inconstitucionais, o sistema prisional brasileiro, as informações e mecanismos de aplicação da ordem coletiva emitida no habeas corpus, seu possível descumprimento e impactos sobre a questão da superlotação nas prisões.
No aviso de convocação, o juiz destacou a relevância do assunto, que ‘envolve a violação sistemática dos direitos e garantias fundamentais dos presos, em um cenário reconhecido por este tribunal como uma situação de inconstitucionalidade sistêmica ou multidimensional’.
Mendes será o único presente na sala do painel, pois os outros ministros e participantes o farão por videoconferência.
No final da audiência, será avaliada a possibilidade de se criar uma comissão para monitorar as medidas de implementação da ordem e tratar da questão da superlotação das prisões.
Em cerca de 30 anos, o número de prisioneiros no Brasil passou de 90 mil em 1990 para mais de 800 mil em 2019, um aumento de quase 900 por cento.
A advertência foi emitida por Gênesis Cavalcanti, pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba, em um trabalho intitulado ‘A crise estrutural do capital e o encarceramento em larga escala: o caso brasileiro’, publicado em fevereiro.
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