O Dia dos Pais é comemorado neste terceiro domingo de junho em cerca de 74 países de vários continentes, muitos deles envolvidos na terceira onda da pior pandemia dos últimos 100 anos, que coloca um muro entre os desejos de demonstrar afeto aos pais e às impossibilidades de nos abordar sob risco de contágio.
Muitos receberam (recebemos) o carinho a pelo menos dois metros de distância, com a alegria refletida nos olhos e o sorriso escondido atrás da máscara, máscara facial ou de acordo com o nome que em cada região dão ao acessório evitar a emissão ou recepção de aerossóis com possível infecção.
Outros tiveram que se contentar com uma videochamada por meio de comunicações ao vivo suportadas por algum programa de computador, não importando se estivessem em outras latitudes ou na casa ao lado. A Covid-19 até mudou a forma como nos relacionamos e espero que não aprofunde um abismo que definitivamente impõe o distanciamento.
Os latinos, mais efusivos pela idiossincrasia, dão-se à demonstração de afeto com gestos onde o abraço e o beijo representam o toque distintivo para expressar o grau de afeto, ao mesmo tempo que expressam sentimentos que em dias como este forçam o contato físico.
Um pequeno coro canta parabéns é ouvido na casa do vizinho, mas cada membro do grupo vocal familiar mantém a boca e o nariz tapados, enquanto fazem um gesto de abraço; o homenageado tem vontade de correr para segurá-los contra o peito, mas se contenta em sorrir e agradecer de uma curta distância.
Haverá tempos melhores quando a tragédia acabar. Para então reservamos os apetites reprimidos para mostrar o calor de um comportamento sustentado e nutrido por gerações, cuja ruptura momentânea não só cria contratempos, mas aumenta os anseios por aquele dia final para oferecer com força o abraço que hoje não poderia ser.
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