Nas ações de protesto, os participantes exigirão justiça para as mais de 70 pessoas mortas, centenas desaparecidas, milhares feridas e dezenas de feridos nos olhos da polícia e do Esquadrão Móvel Anti-Manifestações (Esmad).
Em 28 de abril, começou uma greve nacional contra um projeto de lei de reforma fiscal que aumentaria os impostos sobre bens e serviços e criaria novos impostos.
Embora alguns dias depois o governo Duque tenha retirado a proposta, a greve continuou e se transformou em uma explosão social considerada a maior dos últimos 70 anos.
Nestes dois meses, a violência das forças de segurança e dos civis apoiados pela polícia deixou mais de 80 pessoas feridas, centenas desapareceram, 81 pessoas feridas nos olhos, torturadas, entre outras ações repressivas, de acordo com organizações de direitos humanos.
Apesar destes números fornecidos por grupos como a ONG Temblores, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz, os participantes da greve afirmam que obtiveram vários resultados.
Eles enfatizam que conseguiram deter a reforma tributária, a reforma sanitária, a renúncia do Ministro das Finanças Alberto Carrasquilla, da Ministra das Relações Exteriores Claudia Blum e do Comandante da Polícia de Cali, Juan Carlos Rodriguez.
Também impediu a compra de 24 aviões de guerra por uma soma milionária e pôs fim aos discursos diários do programa Prevenção e Ação, no qual o presidente do país, Iván Duque, aparecia todos os dias para tratar de questões relacionadas à Covid-19.
As mobilizações diárias alcançaram mensalidades gratuitas para o segundo semestre deste ano para estudantes do ensino superior público dos estratos mais baixos.
A greve conseguiu posicionar a necessidade de uma reforma estrutural na Polícia Nacional, para tornar a juventude, a Primeira Linha e a Minga Indígena visíveis como atores revolucionários.
Também tornou possível promover a participação cidadã (assembleias e conselhos abertos); tornar visível para o mundo a crise política e social que a Colômbia está passando com o governo Duque; priorizar a vida e a paz em detrimento do futebol, já que a Copa América foi impedida de ser realizada aqui.
As mobilizações também conseguiram redefinir a memória histórica do país e que uma grande parte da Colômbia se declarou contra as doutrinas promovidas pelo ex-presidente Álvaro Uribe, fundador do partido governista Centro Democrático.
Finalmente, tornou possível trazer à tona a violação maciça e sistemática dos direitos humanos pelas forças de segurança e a exigência de desmantelar o Esmad.
Neste contexto, por um lado, o Comitê Nacional de Greve pediu ao governo que assinasse um pré-acordo para garantir o direito de protesto e, por outro, a administração Duque exigiu a eliminação dos bloqueios de estradas.
Embora a população mobilizada tenha removido grande parte dessas barreiras, o governo continuou em sua posição negativa, por isso o Comitê interrompeu temporariamente as mobilizações, mas concordou com um novo plano de ação.
Representantes deste coletivo disseram que tomaram esta decisão por causa da atitude da administração de Iván Duque que ignorou o pré-acordo sobre garantias mínimas para um protesto social pacífico.
Além disso, por ter emitido o decreto 575 que autoriza a assistência militar para a gestão de protestos sociais; continua atrasando a negociação da Declaração de Emergência apresentada em 20 de junho de 2020 e, numa atitude despótica, decidiu como política o uso excessivo da força pública, acrescentaram.
Entretanto, setores que não se sentem representados pelo Comitê mantêm protestos pacíficos, mas, ao mesmo tempo, continuam a violência policial.
O novo plano estabelece a elaboração de projetos de lei sobre as questões contidas no documento emergencial, que será apresentado ao Congresso no dia 20 de julho, a fim de dar continuidade à luta.
Para aquele dia, o grupo, formado por sindicatos, sindicatos, organizações estudantis e outros, pediu uma mobilização sob o lema ‘Pela vida, pela paz, pela democracia e contra as políticas neoliberais do governo Duque’.
mem/otf/vmc