O bloqueio econômico e financeiro, o sequestro de bilhões de dólares, as sanções sem o amparo da ONU e a manipulação da mídia que enfrenta o país sul-americano foram denunciados pela encarregada de Negócios Ad Hoc venezuelana na França, Carolina Gerendas, e pelo delegado permanente à UNESCO, Jorge Valero.
Os funcionários diplomáticos participaram de um encontro com o movimento de solidariedade com a Revolução Bolivariana em solo francês, Gerendas dialogou com jornalistas e Valero concedeu entrevista exclusiva à Prensa Latina.
De acordo com a encarregada de Negócios, Caracas aspira a estabelecer pontes de aproximação com a UE, e a França como um de seus Estados membros, em vários campos, incluindo político, cultural, econômico e acadêmico, apesar da hostilidade dos últimos anos.
Esse é o espírito da Venezuela, o diálogo para ter vínculos baseados na adesão ao Direito Internacional e no respeito à sua soberania e autodeterminação, destacou.
Gerendas especificou que a nação sul-americana exige apenas para a normalização de suas relações, seja com a UE, os Estados Unidos ou qualquer outro país, questões elementares como a cessação de medidas agressivas de sufocamento econômico, reconhecimento e respeito às suas instituições e aos restituição dos recursos apreendidos.
Em sua opinião, as eleições regionais de novembro de 2021 representam uma oportunidade para uma mudança na política das potências ocidentais diante de um povo que é vítima de ações hostis mesmo em tempos da pandemia de Covid-19.
Vemos nestas eleições uma oportunidade histórica para os governos que agiram sem respeitar a soberania, a independência e o Direito Internacional retificarem a sua posição, afirmou.
Por sua vez, Valero condenou as consequências das medidas coercitivas unilaterais dos Estados Unidos contra seu país nos setores educacional, científico e cultural, esfera de competência da organização.
Em entrevista à Prensa Latina, o experiente diplomata repudiou que a agressividade de Washington impede a nação sul-americana de desenvolver plenamente seus programas de garantia de acesso inclusivo à educação, ciência e cultura, uma prioridade da Revolução Bolivariana desde sua materialização sob a liderança de Hugo Chávez (1954-2013).
Desde a nossa apresentação das credenciais ao Diretor-Geral da Unesco, Audrey Azoulay, no final de 2020, explicamos a situação criada pelas ações coercitivas unilaterais e a urgência de deixarem de ser aplicadas, comentou nesta capital, sede da entidade especializada da ONU.
Valero afirmou que a Venezuela insiste para que sua denúncia encontre eco na organização, dado o caráter inaceitável da política dos Estados Unidos e seu impacto em várias áreas da sociedade, que ilustrou com exemplos concretos.
Se abordarmos as questões que a Unesco gerencia, podemos citar os efeitos causados pelas medidas a um programa tão marcante como o Sistema Nacional de Orquestras, que atinge um milhão de pessoas incorporadas, entre elas tradicionalmente marginalizadas como indígenas e presidiários, afirmou.
O conceituado intelectual, autor de quase trinta livros, disse que as sanções unilaterais limitam a compra de instrumentos musicais e estimulam a emigração de talentos formados e desenvolvidos através desta iniciativa.
Valero também mencionou as consequências do bloqueio e da guerra econômica sobre questões muito atuais, em particular a aquisição de vacinas para combater a Covid-19, apesar dos apelos da ONU para facilitar o trabalho dos Estados em tempos de pandemia.
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