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Covid-19: pobreza para muitos e riqueza para poucos

Covid-19: pobreza para muitos e riqueza para poucos

Havana, 9 jun (Prensa Latina) As perspectivas para a América Latina e o Caribe são muito complexas, apesar de uma recuperação em 2021, é preciso fazer mudanças necessárias e profundas no modelo de desenvolvimento, disse a CEPAL.

‘Se não realizarmos essas transformações, não conseguiremos sair dessa trajetória de crescimento decrescente’, disse Alicia Bárcena, secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal, durante a apresentação de um novo relatório especial com projeções econômicas, mais de um ano após o surgimento da pandemia de Covid-19. Embora esse órgão das Nações Unidas tenha aumentado sua estimativa de crescimento regional para este ano para 5,2% como resultado de uma recuperação que não garante uma expansão sustentada, ele alertou que os impactos sociais da crise se agravam e persistirão durante a recuperação.

Mas esse aumento será insuficiente para cobrir a contração de 6,8% sofrida no ano passado com a Covid-19, enquanto o avanço em 2022 chegará a apenas 2,9% e, ao final desse ano, 19 dos 33 países não recuperarão o seu Produto Interno Bruto prévio a pandemia. Bárcena afirmou que a crise agravou os problemas estruturais, tornando mais urgente do que nunca empreender mudanças de fundo ‘com um olhar de igualdade’ que elimine ‘de uma vez por todas a cultura do privilégio expressa na evasão’.

Fez alusão a fundos ilícitos, despesas fiscais desiguais e concentração excessiva de riqueza.

Acrescentou que se estas questões não forem tratadas e a educação e a saúde não forem reestruturadas, a região não recuperará 100% dos empregos e continuará no caminho que está agora, com aumento da pobreza, pobreza extrema, desigualdade e deterioração do meio ambiente.

Preocupantes razões levaram Bárcena a um pedido tão urgente para governantes, gestores de políticas públicas e forças de mudança da região, pois diante desse cenário espinhoso, que agrava a situação dos mais vulneráveis gerada pela Covid-19, também aumentou o número de bilionários.

Na margem oposta à fome e ao desemprego, a riqueza dos mais ricos da América Latina cresceu em apenas um ano de pandemia em mais de 40%.

Dados da lista anual de 2020, divulgada pela Forbes em março de 2020 no início da crise de saúde, mostrou um total de 76 bilionários na região com um patrimônio líquido combinado de US $ 284 bilhões.

Na atualização dessa informação em março de 2021, aparece um crescimento marcante com um total de 105 bilionários, que entesouram uma riqueza de 448 bilhões de dólares.

Mais recentemente, em maio deste ano, aparecem 107 pessoas ricas com capital de 480 bilhões de dólares.

Enquanto milhões de pessoas caem na pobreza, o número de bilionários disparou na América Latina desde o início da pandemia, fenômeno ao qual os governos devem responder com medidas fiscais e regulatórias, segundo Luis Felipe López-Calva, diretor regional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

‘Juntos, durante a pandemia, o número total de pessoas ricas na América Latina e no Caribe aumentou em 31 e seu patrimônio líquido combinado aumentou em 196 bilhões de dólares, isto é aproximadamente o tamanho da economia do Equador’, explicou recentemente o funcionário.

Ele destaca que cerca de três quartos dos magnatas da região são do Brasil e do México, disse ele.

Sobre o assunto, o diretor regional do PNUD esclareceu que a geração de riqueza não é algo negativo, mas deve levar à discussão de ações públicas, principalmente em um momento em que a pobreza aumenta rapidamente.

Ela reforçou que é a criação de fortuna a má notícia. ‘O que precisa ser visto é como essa riqueza é transmitida ou transferida para as famílias em geral em termos de maior bem-estar e de avanço social’.

Para o economista mexicano, uma prioridade deve ser aumentar os impostos sobre as grandes corporações e fazê-lo de forma coordenada, com acordos regionais ou globais para evitar uma competição baixa entre os países.

oda / acl / crc/ cm

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