Sobre o assunto trataram ontem as autoridades do país caribenho no programa de rádio e televisão Mesa Redonda, no qual explicaram que Washington, ao mesmo tempo que não cumpre com seus compromissos sobre o assunto, historicamente aprovou disposições para incentivar as saídas ilegais de terras insulares.
Segundo Ernesto Soberón, diretor-geral da chancelaria para Assuntos Consulares e Atenção aos Cubanos Residentes no Exterior, a política de imigração dos Estados Unidos tem sido um instrumento da hostilidade de Washington a Havana.
Seu objetivo é desestabilizar o país, desacreditar o governo antilhano e roubar seus recursos técnicos e profissionais, disse o responsável.
Ele garantiu que o principal responsável pelo fluxo de viajantes irregulares da ilha para o norte é a própria administração dos Estados Unidos com a aplicação de sua política migratória.
Nesse sentido, ele mencionou como, desde a segunda metade do século XX, os Estados Unidos implementam leis como a do Ajuste Cubano e outras regulamentações com supostos privilégios para os nascidos no arquipélago para encorajar deslocamentos com risco de vida.
Soberón reconheceu que, embora esses benefícios tenham diminuído nos últimos anos, persiste a percepção de que se você chega à América do Norte, tem o direito de ficar lá.
Portanto, é de se estranhar que, segundo o coronel Mario Méndez, do Ministério do Interior, a grande maioria dos imigrantes ilegais devolvidos a Cuba este ano (574) venham do solo do Norte.
A par das campanhas veiculadas nos meios de comunicação para manchar a imagem da ilha, o contexto é reforçado pelo encerramento dos serviços consulares nesta capital, medida tomada com intuito político, considerou Soberón, assim como pelas restrições à possibilidade de deslocamento.
As perspectivas também se complicam pela obrigação de ir a outros países para obter o visto, com despesas mais elevadas para os cidadãos e sem garantias de aprovação, e pelo descumprimento dos acordos de imigração, acrescentou a autoridade.
A esse respeito, o diplomata mencionou que, mesmo quando Washington concordou em conceder pelo menos 20 mil vistos por ano, nos últimos anos deixou de entregar entre 60 mil e 80 mil.
O responsável explicou que há uma impossibilidade de fluxos irregulares passarem por outros países sem a participação de traficantes ou gangues dedicadas a esse negócio, e que sair a partir da Guiana, Panamá ou Colômbia até os Estados Unidos, implica tornar-se vítimas desses grupos criminosos, observou. Diante deste cenário, o apelo de Cuba ao Governo norte-americano é que cumpra seus compromissos e garanta uma movimentação ordenada, regular e segura de pessoas entre as nações das duas margens do Estreito da Flórida.
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