No que é considerado um marco histórico, este órgão foi oficialmente criado em 4 de julho com uma mensagem clara de que a maioria de seus membros pretende abraçar plenamente um período de profunda transformação no país.
Prova disso foi a eleição da renomada acadêmica Elisa Loncón como presidente da Convenção, tornando a primeira vez na história do país que um representante do povo mapuche ocupa uma posição de importância primária.
Em uma eleição em três turnos, o advogado constitucional Jaime Bassa, da esquerdista Frente Ampla, foi eleito vice-presidente.
Tanto Loncón como Bassa expressaram que uma das primeiras ações do conclave seria promover um pronunciamento a respeito da libertação dos prisioneiros da revolta iniciada em 18 de outubro de 2019, cuja situação irregular constitui um assunto que exige uma solução urgente.
Isto se tornou uma realidade na quinta-feira, quando por uma grande maioria de 105 votos a favor, 34 contra e 10 abstenções, a Convenção adotou uma declaração política sobre o assunto.
A questão foi objeto de um longo debate durante o qual os representantes do direito se expressaram como um bloco contra ela e emitiram uma declaração na qual argumentavam que este órgão ‘não deveria invadir os poderes de outros ramos do governo ou reivindicar poderes que não lhe foram conferidos pelos cidadãos’.
No entanto, uma proposta apresentada pelos representantes dos partidos socialista e comunista, da Frente Ampla e dos independentes finalmente prevaleceu.
O texto exigia um processamento mais rápido do projeto de lei de perdão que está sendo analisado pelo Congresso Nacional, a retirada de todas as acusações trazidas sob a Lei de Segurança do Estado, a desmilitarização do território mapuche, e a implementação de uma política de reparações.
Entretanto, a Convenção teve que enfrentar uma série de contratempos durante a semana que levou à suspensão das sessões de segunda e terça-feira porque os recursos necessários para seu funcionamento não haviam sido instalados em sua sede, o antigo Congresso Nacional.
Isto levou o vice-presidente do órgão, Jaime Bassa, a afirmar que além das deficiências organizacionais, era um problema político devido à falta de garantias por parte do executivo para poder iniciar os trabalhos da Convenção.
A situação gerou enorme descontentamento entre os constituintes, que descreveram o governo como negligente e até mesmo de querer boicotar a Convenção, e até pediram a demissão de Juan José Ossa, Ministro da Secretaria Geral da Presidência, que era responsável por garantir a Convenção.
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