As crônicas sobre a partida de 1×0 entre Argentina de Messi e Brasil de Neymar serão muitas a partir deste domingo e durante toda a semana para se referir às notícias esportivas do ano na América Latina e além, onde esta grande final foi vivida com nervosismo.
E foi realmente emocionante ver quem é considerado um dos melhores jogadores do mundo de todos os tempos levantar uma Copa que tinha sido esquiva usando a camisa nacional e em um dos momentos mais importantes de sua carreira. Messi chorou, mas também choraram com ele 44 milhões de compatriotas.
O futebol é pura magia, mas nesta terra do sul é mais do que um esporte. É arte, é um sonho, é a união de famílias, por isso nem mesmo as autoridades poderiam controlar uma reação transbordante de centenas de fãs que hoje não poderiam ser retirados do Obelisco, que está vestido de azul e branco.
Depois das duas horas da manhã, os cantos, danças e frases jocosas ao pé da pirâmide pontiaguda ainda estavam acontecendo.
Todos estavam em um só coração, esperando por Lionel Scaloni, o técnico que levou a equipe à vitória, que assim que a partida terminou pegou o caminho de volta para sua casa no complexo Ezeiza.
Fogos de artifício e gritos de coração, que fizeram com que vários dos presentes perdessem sua voz.
A emoção é tripla, e ainda mais apenas oito meses após outra grande multidão ter sofrido a morte de Diego Armando Maradona. Hoje eles vestem orgulhosamente sua camisa e olham para o céu com gratidão.
‘Olá Diego, isto é para você pai’, gritaram vários no Obelisco, enquanto nas redes uma imagem de Maradona passando a bola para Messi ficou viral e um vídeo que é realmente tocante na voz do próprio Pelusa é ouvido: não posso estar no campo de jogo hoje, vou estar lá em cima.
‘ Brasil decime (diga-me) que se siente, tener en casa a tu papá’, gritou em coro entre saltos e cânticos pessoas que até se mudaram da distante província de Buenos Aires em caravana de carros para chegar ao Obelisco.
Hoje muitos acreditam que Maradona teve que assistir do céu ao quebrar uma maldição que durou 28 anos e adiou o sonho de muitos que vestiam a camisa sem poder levantar a Copa América.
Nem a mufa (‘má sorte’ na gíria argentina) que nos deu Jair Bolsonaro poderia, disseram outros com memes jocosos no Twitter para se referir à piada feita pelo presidente brasileiro a seu homólogo argentino, Alberto Fernandez, na última quinta-feira na Cúpula do Mercosul, quando sugeriu uma final de 5-0 a favor da canarinha.
Pela 15ª vez, a Argentina levantou a cobiçada taça e deixou para trás aqueles momentos de sofrimento, lesões, suor e sangue no campo.
Além das emoções, a vitória trouxe uma lufada de ar puro a um país que durante um ano e meio não sentiu uma alegria como esta, submerso em uma pandemia que já levou quase 100 mil pessoas e que por estas horas deixa a fenda marcada para ser uma única Argentina.
Hoje, Maradona está dançando nas nuvens para sua equipe nacional, para sua Argentina, e na terra Messi e seus companheiros de equipe estão desfrutando desta vitória histórica.
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