O presidente venezuelano Nicolas Maduro ratificou ontem seu apoio à instalação de uma mesa redonda de conversações com setores da extrema direita, sob os auspícios dos governos do México e da Noruega.
Durante uma reunião com a comissão especial de diálogo, paz e reconciliação da Assembleia Nacional (Parlamento), o chefe de Estado levantou a necessidade de que as facções mais radicais da oposição abandonassem o caminho da violência.
Ou seguimos o caminho da democracia, da paz e das eleições ou não há possibilidade, disse Maduro, que rejeitou a posição dos atores políticos que empunham os apelos ao diálogo como fachada para planejar ações violentas contra a ordem constitucional.
A este respeito, o dignitário disse que as autoridades têm provas da participação de setores da extrema direita nos ataques perpetrados na semana passada por gangues criminosas contra civis e agências de segurança no sudoeste de Caracas.
O presidente venezuelano garantiu que as ações terroristas realizadas por esses grupos criminosos – desmanteladas em uma grande operação realizada pelas forças policiais – faziam parte de um plano com intenções golpistas e para gerar caos e ansiedade entre a população.
A conspiração contemplou um novo ataque com tecnologia aeronáutica – semelhante ao perpetrado em 4 de agosto de 2018 – durante os atos comemorativos do bicentenário da Batalha de Carabobo, ou o desfile cívico-militar em 5 de julho, denunciou o presidente.
‘Eles tinham preparado outro ataque contra mim, outro ataque com drones, (…) nós o dissipamos, o derrubamos, o neutralizamos’, enfatizou o dignitário ao detalhar que as investigações continuam seu curso para determinar ‘quem moveu tudo’, ele enfatizou.
Maduro também ratificou como condições para o diálogo que a oposição extremista promove o levantamento imediato de todas as medidas coercitivas unilaterais implementadas pelos Estados Unidos contra o país sul-americano.
Ele também levantou como premissa para as negociações o reconhecimento dos poderes públicos e das instituições do Estado, e pediu a incorporação no processo de todos os setores políticos que desejam participar.
Neste cenário, o Ministério Público venezuelano anunciou segunda-feira a prisão do líder da oposição Freddy Guevara por agentes do Serviço Nacional de Inteligência Bolivariano, por supostas ligações com grupos extremistas e paramilitares.
Por meio de uma declaração, o Procurador Geral Tarek William Saab lembrou que o ex-deputado da oposição tem um histórico conhecido de participação em atos de violência, e será acusado dos crimes de terrorismo, tentativa contra a ordem constitucional, conspiração para cometer um crime e traição.
Durante a reunião realizada com o presidente da República, o parlamentar e ex-candidato presidencial Javier Bertucci exortou setores contrários ao governo a refletir, descartando qualquer manifestação de violência como meio de resolver diferenças.
‘O diálogo e a compreensão nos conduzirão na direção certa, para a recuperação e construção do país que todos queremos’, disse Bertucci, que jurou pela reconciliação nacional como uma premissa para recuperar a economia e garantir a segurança.
Ele também convidou a oposição venezuelana a participar das próximas eleições e retornar ao caminho da paz.
Como resultado da aproximação entre o governo e a oposição, a Venezuela irá às urnas em 21 de novembro para eleger os 23 governadores e 335 prefeitos do país, além dos membros dos conselhos legislativos regionais e dos conselhos municipais.
jha/wup/vmc