A Agência da Câmara dos Deputados informou que o painel faz parte do programa Lila August, um mês de conscientização sobre a luta contra o flagelo. A etapa também marca o 15ú aniversário da chamada Lei Maria da Penha, legislação de referência mundial no combate à violência contra a mulher.
Segundo a procuradora da mulher da assembleia, deputada Tereza Nelma, embora o dispositivo seja considerado um dos mais eficientes, há muito que fazer para que seja eficaz em todo o país.
‘Infelizmente, os indicadores apontam para uma triste realidade daqueles que enfrentam assédio, ameaças e até mesmo a morte todos os dias, simplesmente porque são mulheres’, denunciou ela.
Uma pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou que pelo menos 17 milhões de mulheres brasileiras (24,4%) sofreram algum tipo de violência ou agressão durante a pandemia.
A percentagem de agredidas no ano passado indica que uma em cada quatro mulheres com mais de 16 anos foi violada física, psicológica ou sexualmente no primeiro ano da crise de saúde. ‘A situação foi agravada pela dificuldade de relatórios frente a frente, que também tem um impacto no registro e na comunicação de incidentes’, disse Nelma.
Foram convidadas para a troca de opiniões Cristiane Britto, Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, e Amanda Kamanchek, da Think Olga, uma organização não governamental focada em criar um impacto positivo na vida das mulheres no Brasil e ao redor do mundo.
Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também estará presente, e o painel será mediado pela deputada federal María Rosas, primeira vice-coordenadora do Grupo de Mulheres.
A pesquisa também revelou que, em 2021, o vizinho, que em 2019 estava em segundo lugar como o autor dos ataques (21%), desapareceu das respostas este ano.
Em seu lugar apareceram o pai, a mãe, o irmão, a irmã, o padrasto, a madrasta, o filho e a filha.
‘Estamos falando de membros da família que caracterizam este fenômeno’. Não é violência doméstica como costumamos pensar, no sentido de que ela é perpetrada apenas pelo parceiro. Mas é intradomiciliar, produzido dentro da família’, advertiu Samira Bueno, diretora executiva do fórum.
Se for levada em conta a raça das vítimas, as que mais sofrem são as mulheres negras (28,3%), seguidas pelas mulheres pardas (24,6%) e brancas (23,5%), segundo o estudo.
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