Segundo Granada, os brasileiros entre 40 e 45 anos de idade poderiam ser algumas das 350 crianças levadas pelos repressores durante o regime militar no país vizinho.
Esta suspeita foi revelada pelo membro da diretoria da associação argentina de direitos humanos em uma entrevista com o portal de notícias UOL.
Desde 1977, as avós têm investigado incessantemente o paradeiro de seus netos.
Muitos deles, que foram apropriados pelos militares, pela polícia ou entregues a outras famílias, nasceram nas próprias prisões clandestinas antes de suas mães serem mortas pela ditadura.
Na semana passada, a Embaixada da Argentina no Brasil lançou na mídia social um apelo aos nascidos entre 1974 e 1983, que têm dúvidas sobre sua verdadeira origem, para buscar o consulado do Rio de la Plata mais próximo.
Com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, a campanha está sendo realizada pelas missões diplomáticas de Buenos Aires em vários países.
Granada, que foi sequestrado quando tinha cinco meses em 1976 e só soube de sua origem 21 anos depois, revelou ao UOL que, devido à colaboração entre as ditaduras do Cone Sul, é possível que os netos tenham sido levados ao Brasil para tentar encobrir o roubo de bebês.
Ele disse que, depois de muitos anos de busca, ‘entre os 130 netos identificados, havia uruguaios, um chileno e pessoas com dupla nacionalidade’. Mas ainda há mais de 300 pessoas a serem encontradas e há uma possibilidade real de que os casos continuem a aparecer em outros países’.
Ele reconheceu que no gigante sul-americano ‘não temos uma rede como em outros países, mas recebemos casos de pessoas com suspeita, tanto de argentinos que vivem no Brasil, quanto de brasileiros que acreditam que podem ser netos, e nós os atendemos’.
Para o ativista, ‘o mais difícil para nós é que esta mensagem chegue a estas pessoas, que desconhecem o que aconteceu, porque as apropriações foram de bebês, não de crianças mais velhas, que tinham consciência de quem eram suas mães e seus pais’.
Disse que certamente as crianças brasileiras foram roubadas, porque ‘nos primeiros anos da investigação, pessoas ligadas à ditadura que mantinham alguns dos bebês puderam ir para outros países, principalmente países fronteiriços, devido à Operação Condor, a colaboração entre ditadores do Cone Sul’.
Admitiu que não sabe o número exato de brasileiros que vieram até ele, ‘porque isto é muito dinâmico’ e alguns pensam que ‘eles são alguns destes bebês ou residentes argentinos’. É uma constante, sempre que temos casos a investigar no Brasil’.
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