As três questões têm como fator comum novos atritos do governo de Sebastián Piñera com o poder legislativo, forças de oposição política, amplos setores sociais e organizações de defesa do meio ambiente.
Na quarta-feira, um projeto de perdão humanitário para prisioneiros da revolta que estourou em outubro de 2019 deu mais um passo quando foi aprovado pela Comissão de Constituição do Senado com votos favoráveis de parlamentares da oposição e dois contra a direita.
No lento caminho para se tornar lei, o projeto de perdão irá para o plenário do Senado em sessões futuras, embora um debate tenso seja esperado.
Seu processamento foi acompanhado de perto por grandes setores que se manifestaram repetidamente nas ruas exigindo a liberdade dos prisioneiros da revolta.
Poderiam ser beneficiados com o indulto pelo menos 806 jovens, para cujos promotores há antecedentes e argumentos jurídicos para aprová-lo, por se tratarem de pessoas que estão há um ano e meio em prisão preventiva, sem julgamentos ou condenações e até mesmo vítimas de detenções irregulares.
No entanto, o governo nega a existência de presos nestas condições e afirmou que apelará a todas as instâncias possíveis para impedir a aprovação do perdão.
No mesmo dia, iniciou-se o debate parlamentar para uma quarta retirada de fundos de pensão que poderiam ser acessados por milhões de pessoas, assunto que mais uma vez chamou a atenção da opinião pública.
Se aprovada, será a quarta oportunidade em que os trabalhadores chilenos podem extrair suas economias de seguradoras de previdência privada, para enfrentar com seus próprios meios a crise econômica provocada pela pandemia Covid-19.
A iniciativa enfrenta forte rejeição do governo, que a considera desnecessária após a aprovação da entrega de uma Renda Familiar Emergencial, que segundo o La Moneda beneficia 15 dos 19 milhões de chilenos, e também poderia exercer o veto.
Como se não bastasse, a inesperada aprovação na quinta-feira por uma Comissão de Avaliação Ambiental de um gigantesco investimento em mineração que poderia causar sérios danos ambientais gerou forte polêmica e críticas ao governo.
O projeto Dominga inclui um investimento de mais de 2,5 bilhões de dólares que inclui a construção de um grande porto para embarcar ferro e cobre no arquipélago de Humboldt, um dos ecossistemas mais ricos do planeta.
Mas ambientalistas e outros setores a rejeitam por considerarem que a aprovação foi fraudulenta e ilegal, além de constituir um atentado ao meio ambiente, justamente quando o país já sofre os efeitos devastadores das mudanças climáticas.
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