23 de December de 2024
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Confirmados massacres no golpe de 2019 na Bolívia

Confirmados massacres no golpe de 2019 na Bolívia

La Paz, (Prensa Latina) Investigações de uma instituição independente do Estado boliviano ratificam uma verdade a que outros chegaram muito antes: em novembro de 2019, os autores de um golpe de estado massacraram a população.

A investigação do chamado Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI-Bolívia) constituiu uma nova prova daquele golpe cujos culpados ainda não pagam por ele, comentaram autoridades como o presidente Luis Arce.

O relatório apresentado terça-feira confirmou as denúncias das vítimas da repressão aos protestos de opositores ao golpe que destituiu o presidente Evo Morales e de instituições vigentes após as eleições de outubro de 2020.

A declaração do CIEI também ofereceu provas de tortura, perseguição, detenções ilegais, manifestações de racismo e graves violações dos direitos humanos fundamentais, provocadas pela quebra da ordem constitucional.

A mídia local cedeu amplo espaço à reportagem do GIEI, que investigou os acontecimentos durante oito meses, por meio de entrevistas com 400 pessoas, análise de 120 mil arquivos e depoimentos de organizações sociais.

O documento também confirma que os tiros que causaram 38 mortos e dezenas de feridos durante os atos repressivos contra as manifestações de novembro de 2019 tiveram origem nas Forças Armadas e na Polícia.

Integrantes do Grupo Interdisciplinar também apresentaram à população de Senkata o relatório sobre os massacres de 2019 do governo de fato naquela cidade do município de Alto, a exemplo do ocorrido em Sacaba, no departamento de Cochabamba.

‘A homenagem que podemos fazer é vir compartilhar com vocês o trabalho depois de ouvir suas histórias, consultar documentos, estudar arquivos e ler todas as informações de diferentes fontes’, disse Patricia Tappatá, integrante do GIEI.

Os militares causaram 10 mortos e 78 feridos em Senkata, aplicando força desproporcionalmente em novembro de 2019, diz o documento trazido pelo perito, em conjunto com colegas do Grupo como Jaime Vidal e Julián Burger.

O relatório lembra que o Decreto Supremo 4.078 do governo de fato liderado pela presidente de fato Jeanine Áñez autorizou uma operação em 19 de novembro de 2019, que protegeu os uniformizados de responsabilidade criminal.

A apresentação do documento nesta terça-feira teve repercussão em setores populares e em instituições como o Ministério Público, que, após recebê-lo, ofereceu seu apoio com as investigações sobre as denúncias sobre os excessos do golpe de Estado.

O órgão judicial acrescentou que fará justiça e evitará a impunidade. ‘Nosso compromisso como Ministério Público é encontrar a verdade’, disse o procurador-geral Juan Lanchipa.

Da mesma forma, a assessoria de imprensa anunciou que iniciará ações judiciais contra os ataques a jornalistas e meios de comunicação nacionais e estrangeiros durante as ações violentas de 2019.

O relatório do GIEI sobre esses eventos nos permite tais medidas contra aquelas pessoas que tentaram nos silenciar, acrescentou a Confederação Sindical dos Trabalhadores da Imprensa.

A repressão aos comunicadores partiu não só das autoridades, mas também dos civis que assumiram cargos oficiais, destacou o executivo da entidade, Héctor Aguilar.

As investigações revelaram atos violentos contra 58 jornalistas e incluíram uma reportagem da National Press Association que registrou ataques contra 76 repórteres e 14 veículos de imprensa durante os meses de outubro e novembro de 2019. Por sua vez, a população comemorou a denúncia, enquanto vítimas da violência em Senkata e Sacaba clamou por justiça por seus 38 mortos.

‘Não te esqueças nem perdoes. Os mortos não revivem’; ‘Não é vingança, é justiça’; ‘Não foi uma fraude, foi um golpe’; ‘Memória, verdade e justiça’; ‘Sacaba e Senkata não são esquecidos’, lêem-se os cartazes expostos na apresentação da reportagem.

O secretário executivo do Grupo independente, Jaime Vidal, disse que, após a entrega do documento de sua instituição, a Bolívia deve aplicar a lei e reparar as vítimas para conseguir um contexto de reconciliação.

‘A ideia principal que levamos é que o país caminhe para a verdade e avance com esse precedente e a necessidade efetiva de justiça, sublinhou o especialista.

mem/apb/jcfl/gdc

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