O site Consultor Jurídico indicou que, com a leitura do relatório sobre a ação, o STF iniciou na quinta-feira a análise de um dos casos mais importantes do segundo semestre do ano.
Este é um recurso extraordinário relativo no qual se discute a tese do prazo, segundo a qual os nativos só podem reivindicar as terras em que estavam quando a Constituição foi promulgada, em outubro de 1988. Outro ponto em discussão é se o reconhecimento de uma área como território nativo depende da conclusão do processo de demarcação administrativa.
O julgamento foi interrompido em 11 de junho quando o Juiz da Suprema Corte Alexandre de Moraes pediu esclarecimentos.
Outra pausa ocorreu ontem quando o presidente do tribunal, ministro Luiz Fux, suspendeu a sessão devido ao adiantado da hora e informou que o assunto começará a ser discutido, como primeiro item da ordem do dia, na próxima quarta-feira.
Nos últimos dois dias, a Suprema Corte tem esperado que o governo do estado sulista de Santa Catarina analise a ação de recuperação de terras ajuizada pelo povo Xokleng, que foi expulso de seus tradicionais locais de caça há mais de um século para dar lugar aos colonos europeus.
A petição diz respeito às terras indígenas Ibirama-Laklãno, onde vivem os povos Guaraní e Kaingang.
Desde 2017, o Estado vem invocando a tese do marco temporal para reivindicar o território.
Dois anos depois, o STF deu ao processo o status de ‘repercussão geral’, o que significa que a decisão tomada no caso servirá como diretriz para a diretoria federal e todas as instâncias da justiça com relação ao processo de demarcação.
Uma sentença no tribunal seria um revés para os direitos das comunidades indígenas.
O presidente Jair Bolsonaro defende o marco temporal, argumentando que poucos indígenas vivem em extensões desproporcionais de terras, o que bloqueia a expansão agrícola.
A decisão da alta corte, que pode exigir mais de uma audiência, estabelecerá um precedente legal enquanto o presidente e o agronegócio pressionam para mudanças legislativas em áreas protegidas.
Cerca de seis mil indígenas de 176 grupos étnicos continuarão seu protesto no centro de Brasília até amanhã para pressionar a Suprema Corte a rejeitar a proposta, o que prejudicaria a demarcação de terras ancestrais.
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