As principais manchetes foram pegas por um projeto de lei controverso que permite uma quarta retirada de fundos de pensão para milhões de chilenos, aprovado na quarta-feira pela Comissão de Constituição da Câmara dos Deputados em meio a uma expectativa crescente.
O texto foi aprovado por sete votos dos deputados da oposição e a rejeição dos seis da direita, embora ainda tenha algum caminho a percorrer para se tornar lei, pois o próximo passo será que a mesma comissão analise e vote cada capítulo, para depois passar para o plenário da Câmara dos Deputados.
Na sessão, as posições opostas dos legisladores da oposição e as do partido no poder mais uma vez vieram à tona, em um dia em que o que alguns deputados descreveram como uma ‘campanha de terror’ para tentar influenciar a votação ganhou impulso.
O Ministro da Fazenda Rodrigo Cerda, falando na sessão, insistiu sobre os supostos efeitos negativos que esta quarta retirada terá sobre a economia.
Além disso, La Moneda afirma que é desnecessário porque uma grande parte da população está acessando a Renda Familiar de Emergência para enfrentar a crise econômica exacerbada pela pandemia de Covid-19 que atingiu milhões de famílias pobres e de classe média. Mas para o socialista Marcos Illabaca, presidente da comissão, aqueles que são contra são os que defendem as companhias de seguro do fundo de pensão e viram as costas aos cidadãos, 80 por cento dos quais apoiam a iniciativa.
No mesmo dia, o Banco Central informou que a economia cresceu 18,1% em julho em comparação com o mesmo mês em 2020, e embora isso tenha sido afetado pela baixa base de comparação, o governo comemorou a notícia como um sinal de recuperação.
Ao mesmo tempo, porém, cresce o medo de que o ano termine com uma inflação de seis por cento ou mais, quando a meta do CB é de apenas quatro por cento.
Em antecipação a tal situação, no dia anterior, o banco central aumentou a taxa de juros de 0,75 para 1,5% ao ano, o maior aumento em 20 anos, muito maior do que o esperado pelos analistas financeiros, alguns dos quais a consideram exagerada.
Outra questão foi a aprovação de um projeto de lei tributária sobre empresas que exploram mineração – o principal setor econômico do país – pela comissão de mineração e energia do Senado, que será analisado pelo plenário nas próximas semanas.
A iniciativa é questionada pelo governo de Sebastián Piñera, pelos partidos no poder e pelos grandes interesses do setor, mas seus promotores acreditam que a riqueza gerada por este setor deve ser traduzida em maiores oportunidades para todos, não apenas para as grandes fortunas do país e para as multinacionais.
Por outro lado, os legisladores de direita consideram o projeto legislativo inconstitucional porque, argumentam, tudo relacionado a questões fiscais é prerrogativa exclusiva do Presidente da República, o que augura fortes debates sobre esta questão e até mesmo a possibilidade de La Moneda vetá-lo.
msm/rc/vmc