Apesar deste panorama complexo, a ilha está enfrentando transformações para alcançar um desenvolvimento dinâmico e sustentável, caracterizado pela equidade na distribuição da riqueza, tudo isso apoiado por uma legislação que protege legalmente as alternativas que podem ser adotadas pelos diferentes atores econômicos da sociedade.
O Conselho de Estado aprovou recentemente seis decretos-lei, um decreto e outras resoluções para regulamentar o exercício do auto-emprego, que de acordo com o Ministério da Economia e do Planejamento (MEP) tem um potencial empresarial existente que excede as 600.000 licenças concedidas ao setor privado.
No entanto, um bom número destes poderia ser adicionado às novas opções de conversão para micro, pequenas e médias empresas (MSMEs) e cooperativas não-agrícolas.
Em vista do interesse previsível em adotar essas novas formas de gestão não estatal e a fim de realizar esses processos dentro do prazo estabelecido, o MPE elaborou uma estratégia interessante.
O processo de autorização será realizado gradualmente por meio de chamadas periódicas para solicitações do Ministério, direcionadas para aquelas atividades que correspondem às necessidades imediatas do país.
Exportadores de bens e serviços, produção de alimentos, projetos de desenvolvimento local, empresas de base tecnológica, empresas incubadas em parques científicos e tecnológicos e a economia circular de reciclagem serão as primeiras categorias a iniciar este processo.
Quanto à seleção dessas atividades, vale lembrar que a exportação de bens e serviços gera moeda nova que é reinvestida no país.
Desde sua aprovação em 2020, mais de 170 formas de gestão não estatal já realizaram vendas e compras internacionais através das 42 instituições de comércio exterior autorizadas a realizar esta atividade.
No caso de alimentos, refere-se – em uma primeira fase – principalmente à produção industrial, o que implica a transformação de matérias-primas e insumos em produtos alimentícios para distribuição e consumo.
Portanto, a prestação de serviços gastronômicos é concebida para fases posteriores, diz o MPE.
Esta categoria é uma prioridade para o país devido ao déficit no fornecimento de produtos alimentícios e porque a dependência externa de Cuba da importação de alimentos é alta: nos últimos anos, cerca de 1,8 bilhão de dólares foram gastos com este item.
Outra área de interesse são os projetos de desenvolvimento local – existem mais de 400 – definidos como o conjunto de recursos, esforços e ações com identidade própria para transformar uma realidade com impacto na qualidade de vida da população.
Em relação aos parques científicos e tecnológicos, o MPE os conceitua como organizações administradas por profissionais especializados com o objetivo fundamental de incubar projetos baseados na ciência e na inovação.
Incluem uma estrutura regulatória com benefícios e incentivos favoráveis para o desenvolvimento de seus projetos.
Finalmente, a economia circular utiliza um modelo de produção e consumo sustentável que envolve o compartilhamento, reutilização, reparo, renovação e reciclagem dos materiais e produtos existentes, tantas vezes quanto possível, para criar valor agregado.
Desta forma, o ciclo de vida dos produtos é prolongado e o desperdício é minimizado.
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