Segundo o analista Hugo Siles, essa agenda política é de confronto por terra e responde a um propósito de conflito com o governo de Luís Arce, pelo qual apóiam a coluna de manifestantes indígenas que se dirige para a capital de Santa Cruz sem uma declaração de demandas.
Na opinião de Siles, Camacho e o Comitê Cívico usam essas pessoas para defender grandes latifundiários e empresários que intitularam suas propriedades ‘rapidamente’ durante o regime de fato de Jeanine Áñez.
Acrescentou que utilizam simbolicamente os indígenas em uma marcha que faz parte de um esquema interessado que se opõe ‘a qualquer forma racional de solução, negociação e cumprimento de demandas legítimas’.
O analista explicou que o simples fato de o chefe da Comunidade Cidadã, Carlos Mesa, a bancada do Creemos e outros políticos da oposição expressarem seu apoio à marcha indígena e assumirem um papel de interlocutores deslegitima essa mobilização.
Ele ressaltou que este apoio contrasta com a realidade, uma vez que historicamente os povos originários das terras baixas e altas do país foram marginalizados por eles.
Por outro lado, em julho passado o Ministro de Desenvolvimento Rural da Bolívia, Remmy Gonzales, afirmou que o governo de fato de Áñez favorecia dezenas de empresários titulares de terras, principalmente do departamento de Santa Cruz.
O responsável disse que, em quase um ano, desde novembro de 2019, foram outorgados títulos com irregularidades em mais de um milhão de hectares, dos quais cerca de 700 mil estão nas mãos de 46 empresários da Santa Cruz.
Também no dia 14 de abril, o diretor nacional do Instituto Nacional de Reforma Agrária, Eulogio Núñez, informou que paralisaram o processo de titulação violenta de 255 mil hectares de terras que pretendiam favorecer grandes latifundiários na gestão de Áñez.
Conforme afirmou o chefe de Desenvolvimento Rural, o Executivo levou o caso ao Tribunal Agroambiental.
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