Durante seis anos, Siqueira realizou 1.185 levantamentos em dinheiro na base de 1,15 milhão de reais (cerca de 217.000 dólares).
Esta retirada de recursos aparece em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras que investiga o suposto esquema no antigo escritório do conselheiro Carlos Bolsonaro, filho do presidente, para exigir que os funcionários depositassem parte de seus salários em suas contas, uma prática conhecida no Brasil como rachadinha.
As transações poderiam constituir prova de que as empresas ligadas à ex-mulher de Bolsonaro e mãe de sua última descendência ‘foram usadas para esconder o desvio de recursos públicos do esquema da rachadinha na prefeitura’, disse o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Devido aos movimentos suspeitos, o MPRJ incluiu, na quebra de sigilo na investigação da rachadinha, duas pessoas ligadas à empresa Valle Ana Consultoria: Adriana Teixeira Machado, sócia minoritária de Siqueira, com 10% da empresa, e Luci Teixeira, sua mãe.
Segundo os promotores, ‘estas ligações, associadas ao movimento de dinheiro na conta da Valle Ana Consultoria, sugerem que Ana Cristina Siqueira Valle pode ter orientado parentes de seu parceiro a agir como ‘funcionários fantasmas’, a fim de permitir o desvio de recursos públicos para sua remuneração’.
Em agosto, o funcionário Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, que trabalhou para a família Bolsonaro durante 14 anos, revelou ao portal de notícias Metrópoles que a ex-esposa do presidente tem ‘coisas em nome das laranjas’. ‘Se você fizer a contabilidade de seus bens, não faz sentido. Além das coisas que ela tem em nome de outros’, ele alegou.
O Ministério Público está convencido de que há provas de que Siqueira controlava as nomeações de familiares como funcionários no escritório de Carlos Bolsonaro, no escritório do prefeito do Rio e no escritório de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa.
Além disso, Renan Calheiros, o relator da comissão senatorial que investiga o desempenho do governo antes do Covid-19, disse ao portal UOL que Jair Bolsonaro cometeu um crime de corrupção no caso da tentativa de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
‘Entendo (que o presidente praticou a corrupção) e suas impressões digitais estão no telefonema que fez ao primeiro-ministro indiano para pedir uma reserva de 20 milhões de doses da vacina. E depois o óbvio crime de prevaricação, quando ele prometeu agir em relação à investigação’, denunciou Calheiros.
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