O discurso ocupou a atenção do fórum por quase cinco horas e é um dos mais longos discursos proferidos em plenário.
Mas não é a sua extensão que mais transcende aquelas primeiras palavras do líder da Revolução Cubana perante o maior órgão da ONU, foi o seu ataque à filosofia brutal da guerra, concordam os analistas.
A denúncia de numerosas ações do Governo dos Estados Unidos contra a Revolução Cubana e o uso da força por meio da crescente corrida armamentista foram os argumentos centrais do discurso que provocou repetidas ovações e aplausos.
Fidel Castro (1926-2016) criticou como a guerra foi usada para monopolizar os países subdesenvolvidos e roubar seus recursos, e atacou a política estadunidense em relação a Cuba e outras nações da América Latina, Ásia e África.
‘As guerras, desde o início da humanidade, surgiram, fundamentalmente, por um motivo: o desejo de alguns de privar outros de suas riquezas. Desaparecer a filosofia da expropriação, e a filosofia da guerra terá desaparecido’, disse ele.
Além disso, mostrou como a corrida armamentista sempre foi um grande negócio para os monopólios, que como corvos ‘se alimentam dos cadáveres que as guerras nos trazem’.
Quando o líder chegou à cidade de Nova York em 19 de setembro de 1960, ele era o jovem primeiro-ministro cubano, campeão de uma revolução nascente que atrapalhava os planos de Washington.
Nas esferas de poder dos Estados Unidos, a animosidade contra a Revolução Cubana havia aumentado. Fidel chegou a denunciar um tratamento abusivo no Hotel Shelburne e depois decidiu se hospedar com sua delegação no Hotel Theresa, localizado em um dos bairros mais pobres de Nova York: o Harlem.
Ele foi excluído das reuniões e encontros oficiais, mas dos residentes do Harlem – a maioria afro-americanos – ele encontrou apoio, admiração e uma recepção calorosa.
No Hotel Theresa, que fechou em 1967 e agora abriga escritórios, ele recebeu o defensor dos direitos civis Malcolm X, se encontrou com o líder soviético Nikita Khrushchev pela primeira vez e se reuniu com o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser e o primeiro-ministro indiano Jawaharlal Nehru.
Manifestações espontâneas surgiram sob a sacada de seu quarto, onde pendurou uma bandeira cubana e falou em certa ocasião a milhares de partidários da Revolução. Ele também foi cercado por provocações e distúrbios causados por pequenos grupos que se opõem ao processo de mudança que se iniciava na ilha.
Enquanto as autoridades norte-americanas assumiam uma atitude abertamente hostil, no Harlem Fidel encontrou um ambiente amigável, rodeado pela comunidade pobre e afro-americana que o acolheu e ainda se lembra dele.
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