A questão migratória voltou à vanguarda depois que os Carabineros expulsaram migrantes sem documentos, em sua maioria venezuelanos, da Plaza Brasil na cidade de Iquique, ao norte, e pouco depois os manifestantes queimaram barracas, colchões, carros de crianças e outros pertences.
Os atos de violência e xenofobia provocaram o repúdio das Nações Unidas e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), assim como de grupos sociais e líderes políticos chilenos que responsabilizam o governo de Sebastián Piñera pela má administração da crise.
‘Estamos enfrentando uma vergonha nacional que efetivamente causou danos internacionais’, disse à imprensa o diretor do Instituto Nacional de Direitos Humanos, Sergio Micco.
Após o escândalo, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Vlado Mirosevic, anunciou sua decisão de recolher as 52.000 assinaturas necessárias para questionar o Ministro do Interior Rodrigo Delgado para explicar o plano do governo para lidar com a crise migratória e humanitária.
A Câmara dos Deputados também debateu nesta semana uma iniciativa, apresentada pela oposição, para uma quarta retirada do fundo de pensão para enfrentar a crise gerada pela Covid-19.
O projeto foi aprovado com 94 votos a favor (um a mais do que necessário), 39 contra e nove abstenções, apesar da pressão do Presidente Piñera e de vários de seus ministros sobre os legisladores do partido no poder para impedir sua passagem pelo parlamento.
Se o Senado aprovar a quarta retirada de 10% do fundo de pensão, milhões de pensionistas poderão retirar entre 1.289 e 5.650 dólares, dependendo do valor acumulado.
Outra questão que tem sido o foco de atenção no Chile nos últimos sete dias tem sido a decisão dos deputados de legislar sobre um projeto de lei para descriminalizar a interrupção voluntária da gravidez até as 14 semanas.
A proposta, adotada após um longo debate, recebeu 75 votos a favor, 68 contra e duas abstenções.
Ela deve agora ser revisada pelo Comitê de Mulheres e Igualdade de Gênero da legislatura antes de ser submetida à votação na câmara antes de ser transmitida ao Senado.
No Chile, este procedimento só é permitido em casos de não-viabilidade fetal, violação ou risco à vida da mãe, e aqueles que violarem esta disposição podem ser punidos com até cinco anos de prisão.
Com faixas e lenços verdes, as mulheres chilenas participaram de manifestações em diferentes partes do país na terça-feira para apoiar o projeto de lei, por ocasião do Dia Global de Ação pelo aborto seguro e legal.
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