‘Se Lula assumir o poder, estarei com ele e voltaremos a trabalhar juntos. Para que todos tenham paz’, disse o ícone da luta pela proteção da Amazônia, de 91 anos, em entrevista à organização não governamental Réporter Brasil.
O comunicador Daniel Camargos nota em seu trabalho jornalístico que Raoni está cansado. Mesmo um ano após derrotar a Covid-19, o líder nativo continua a sentir dores no corpo e falta de ar.
No entanto, ele ressaltou que ‘todos temos que apoiar Lula para que ele assuma o comando e tenhamos tranquilidade’.
O fundador do Partido dos Trabalhadores aparece como favorito em todas as pesquisas de opinião para as eleições do ano que vem.
Fortaleceu suas intenções de voto depois que a Suprema Corte anulou suas condenações e possibilitou que ele participasse da corrida presidencial.
Durante a palestra, segundo Camargos, o cacique ergueu o tom de voz ao ser questionado sobre as críticas do presidente Jair Bolsonaro, quando passou a chamá-lo de ‘peça de manobra de governos estrangeiros’ em discurso nas Nações Unidas.
‘O Bolsonaro está fazendo coisas erradas e eu não gosto. Ele quer a extinção dos índios e também pensa em destruir vocês, os homens brancos’, comentou, com o dedo em riste.
Lembrou que o ex-militar previa ‘destruir tudo. Ele sempre dizia isso. Continuei a ouvi-lo e não gostei. As pessoas têm que tirar o Bolsonaro logo para que outro possa tomar o seu lugar’.
E essa pessoa, acrescentou, ‘tem que estar ali para defender os direitos de todos e também defender nossos territórios indígenas. Tem uma terra chamada Kapotnhinore que daqui a alguns anos vou demarcar, vou me concentrar em delimitar, porque era onde meus pais nasceram’, afirmou.
A entrevista tratou também do adiamento da decisão sobre o chamado marco temporal que definirá a demarcação dos territórios ancestrais, levando em consideração a Constituição de 1988.
Desde agosto, o Supremo Tribunal Federal debate a questão e agora há indeterminação para a realização do julgamento do pedido de exame do ministro Alexandre de Moraes.
Para o chefe originário, ‘este marco temporal não pode existir. Quero que me entenda, Alexandre de Moraes. É Raoni quem fala com você. Quando terminar meu luto (pela morte de sua esposa), estarei lá (em Brasília) para me manifestar contra’.
‘Não se pode aprovar o marco temporal para que todos tenhamos a felicidade’, frisou o líder da etnia Caiapó.
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