O objeto social da iniciativa é a produção, beneficiamento, processamento e comercialização de hortaliças, árvores frutíferas e produtos apícolas, explicou à Prensa Latina seu dirigente Eduardo Funes.
‘Trata-se de aplicar a ciência à agricultura a partir do conhecimento acumulado’, acrescentou.
‘Estabelecido na ZEDM desde fevereiro deste ano, a nossa intenção é criar uma comunidade agrícola sustentável, um núcleo que gere todo este desenvolvimento a nível territorial’, sublinhou.
‘Com esse objetivo em mente, pretendemos construir uma rede de fazendas – cerca de 60 em arquivo – com seus programas, projetos de plantio, safras e ciclos de produção’.
‘Não se trata apenas da Finca Marta, mas de como podemos impactar e multiplicar nosso aprendizado no território’, afirmou.
‘Em breve iremos construir um centro de lucro, beneficiando árvores frutíferas e produtos apícolas para comercialização em diversos segmentos de mercado: população, restaurantes, lojas, shopping centers, exportação, empresas ZEDM e servir como um conector da agricultura no território’.
‘Hoje estamos nos preparando para exportar, mas para atingir esse objetivo é preciso primeiro saber como funciona o produto no mercado nacional e conhecer o mercado internacional, ter competitividade, contratos e também, volumes suficientes do produto’
‘Atualmente, temos um acordo de produção cooperativa com a Apicultura Cubana (Apicuba) para comercializar nossos méis como Finca Marta – cerca de 10 toneladas por ano – e também trabalhamos em conjunto com o Centro de Pesquisas Apícolas’, explicou.
‘Este é um exemplo de como as ligações entre os setores privado e estatal podem funcionar’, disse ele.
Funes frisou que na Finca Marta se mostra além do valor nutritivo do mel e das abelhas como um balanço ambiental dos ecossistemas, mas todo o processo, a partir da compreensão do sacrifício que representa para os apicultores.
Mas, a história deste projeto agroecológico, localizado na província de Artemisa ocidental, começou há 10 anos.
O SALTO
Formado pela Universidade Agrária de Havana, Funes é engenheiro agrônomo de formação, com uma experiência de cerca de 25 anos como pesquisador e professor, até que um dia decidiu aplicar seus conhecimentos no campo cubano.
‘Depois de visitar os cinco continentes, mais de 40 países, conhecer centenas de agricultores do mundo – dos mais desenvolvidos aos mais subdesenvolvidos – entendi que meus ensinamentos não haviam sido colocados em prática, e isso era um vazio na minha formação profissional’, comentou.
‘Aí surgiu a ideia do projeto, justo quando eu fiz 40 anos e você quer fazer algo diferente na vida’, brincou.
‘Foi uma decisão familiar e embora eu tivesse todo o apoio, foi um passo muito arriscado investir as nossas economias, abrir mão do conforto acadêmico, adaptar-se ao esforço físico gerado pelo trabalho agrícola’, lembrou ele.
‘Mas, colocamos nossos esforços em função do projeto e começou a transformação daquele local abandonado, que se encontrava em condições muito precárias’.
‘É então que o nosso trabalho começou a fazer cada vez mais sentido, a relação com o meio rural se ampliou para mim do ponto de vista profissional e começamos a compreender as coisas de forma diferente. Esses 10 anos foram de enorme sacrifício pessoal, passamos dos prazeres da vida urbana para a rural, foi mudando a percepção de morar na cidade para a do campo, foi além de envolver boas práticas, tecnologias e tudo a gestão econômica de uma fazenda’, disse ele.
Hoje, a Finca Marta possui ampla produção, beneficiamento, comercialização e consumo, além de se dedicar à horticultura, produção animal, apicultura, conservação da natureza e uso de fontes renováveis de energia.
‘E mesmo assim, estamos diante de um novo começo, ou seja, estarmos baseados em Mariel, temos novas perspectivas, precisamos aprender a lidar com outro nível de agregação, com outro tipo de organização e com muitos mais atores envolvidos, disse. Mas é preciso aprender e aprender fazendo’, concluiu Funes.
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