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Repúdio à sentença que anula investigação de crime mineiro brasileiro

Repúdio à sentença que anula investigação de crime mineiro brasileiro

Brasília, 22 out (Prensa Latina) Parentes de vítimas do colapso de uma barragem no Brasil repudiaram a decisão judicial que hoje invalida a investigação de quase dois anos sobre o crime socioambiental da barragem de Brumadinho no estado de Minas Gerais.

Às 12h28 do dia 25 de janeiro de 2019, os muros de contenção da barragem em Córrego do Feijão, um distrito rural de Brumadinho, cederam e uma torrente de lama e resíduos de mineração foi liberada, varrendo tudo em seu caminho e matando 272 pessoas, nove das quais ainda estão desaparecidas.

Mil dias após a tragédia, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu abolir a acusação do Ministério Público de Minas Gerais, a fim de interromper a investigação do desastre.

Segundo o portal de notícias Rede de Brasil Atual, o Movimento de Vítimas de Barragens (MAB) e a Associação de Familiares de Vítimas e Vítimas da Brecha da Barragem de Brumadinho (Avabrum) rejeitaram fortemente a ação do STJ.

‘Fomos surpreendidos por uma decisão do STJ que retira a decisão da corte mineira e a leva à esfera federal’, disse Joceli Andrioli, da coordenação do MAB.

Ela disse que eles estão ‘muito preocupados, porque esta é uma estratégia da (empresa de mineração) Vale para ficar impune’… e ‘tentar escapar de um crime que também destruiu a bacia do rio Paraopeba’, frisou Andrioli.

O MAB e a Avabrum, representados por sua presidente, Alexandra Andrade Gonçalves, querem que a decisão do tribunal seja anulada para que a ação possa retornar ao nível estadual e o caso possa ser julgado o mais rápido possível.

‘Queremos que o júri do povo esteja em Brumadinho, o lugar certo para realizar o julgamento. E pela primeira vez, talvez, prenda estes criminosos para que crimes como estes nunca mais aconteçam, nem em Minas Gerais nem no Brasil’, observou Andrioli.

A sexta câmara do STJ aceitou o pedido de transferência do caso para o regime federal feito pela defesa do ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman, que está entre os réus. Como agência do governo federal, a competência para investigar e julgar pertenceria à União.

Entretanto, a tese dos advogados se baseia na prática do crime baseado na entrega de documentos falsos, o que levou a Agência Nacional de Mineração a concluir que as normas de segurança das barragens de rejeitos (que armazenam água e resíduos derivados do processo de extração) foram observadas pela Vale em Brumadinho.

Originalmente, a acusação contra a Vale, a empresa de segurança alemã Tüv Süd e 16 empregados foi recebida pela corte de Minas Gerais em fevereiro de 2020.

Apesar da retirada da queixa, a decisão do STJ não proíbe a investigação do Ministério Público estadual, que pode, de fato, ser plenamente utilizada.

jha/ocs/vmc

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