A convocação, aqui denunciada com claros interesses políticos, visa dividir os bolivianos, alterar a ordem e deslegitimar os avanços econômicos em apenas um ano do governo Luis Arce, segundo declarações de funcionários e dirigentes sindicais.
Nas últimas semanas, políticos e legisladores da oposição promoveram uma campanha para deslegitimar a Lei 1386 sobre a Estratégia Nacional de Combate à Legitimação de Lucros Ilícitos e Financiamento do Terrorismo.
A cruzada impactou diversos sindicatos e o setor informal, confundidos com a propaganda da oposição de que o regulamento limitará suas ações, e o Executivo pediu um diálogo para dar explicações e adiou temporariamente sua aprovação final.
Ontem, transportadores do departamento de Santa Cruz, no leste do país, descartaram a adesão à greve convocada e mostraram a preocupação dos trabalhadores com a situação econômica.
Parar mais um dia é “agradar as pessoas que têm um interesse pessoal”, disse Bizmar Daza, responsável pelo transporte urbano naquela parte do país andino, considerada a maior em extensão e importância do Estado Plurinacional na ordem econômica.
“Para nós (a medida da força) já está fora do lugar”, disse Daza a uma estação de televisão local.
Ao invés de parar, “precisamos reativar a economia”, disse o dirigente sindical e garantiu que em Santa Cruz eles não vão cumprir a greve nem o transporte público, intermunicipal ou interprovincial.
O porta-voz presidencial Jorge Richter denunciou na véspera que a greve de 8 de novembro visa desestabilizar o país e causar danos econômicos.
Lembrou ainda que, para evitar confrontos entre os compatriotas, foi decidido retirar o projeto da Assembleia Legislativa.
Ele avaliou que por trás da paralisação das atividades há uma intenção política que descarta o desenvolvimento da economia e da produção, num momento em que o país apresenta indicadores de recuperação após o golpe de novembro de 2019.
Richter considerou o diálogo como a forma de resolver as diferenças e disse que as medidas de pressão atrapalham a reativação econômica e a reconstrução dos espaços produtivos, portanto essas mobilizações nada mais são do que políticas.
No domingo, a ministra da Presidência, María Nela Prada, alertou sobre as tentativas desestabilizadoras e lamentou que alguns grupos busquem alianças com lideranças de setores populares e usem essa regulamentação como desculpa.
A governante garantiu que, como governo, nunca se atentará contra os interesses populares, a classe trabalhadora e o povo boliviano, “não vamos fazer isso”, frisou.
npg/jcd/cm]