A assinatura da carta de entendimento ocorreu após a decisão do promotor-chefe do TPI, Karim Khan, de concluir o exame preliminar do caso Venezuela I, iniciado em 2018 sobre supostas violações de direitos humanos no contexto das violentas manifestações de 2017, e proceder à abertura de uma investigação formal.
O Estado venezuelano interpretou que não foram cumpridos os requisitos para justificar a passagem à próxima fase de investigação e considerou que as denúncias deveriam ser tratadas no país pelas instituições nacionais existentes criadas para esse fim.
Conforme acordado, apesar das divergências de opinião sobre o assunto, as partes ratificaram seu compromisso de colaborar ativamente entre si, estabelecer mecanismos para melhorar a cooperação e facilitar o cumprimento efetivo do mandato da Promotoria do TPI em território venezuelano.
Da mesma forma, o Governo da Venezuela adotará todas as medidas necessárias para assegurar a efetiva administração da justiça, de acordo com os padrões internacionais, com o apoio e compromisso ativo da entidade judiciária internacional.
A esse respeito, o Presidente Nicolás Maduro assegurou que “respeita, mas não compartilha” a decisão adotada pelo Ministério Público do TPI, embora tenha ratificado a vontade do Estado venezuelano e de suas instituições na busca da verdade e na determinação dos fatos.
“A Venezuela garante justiça com instituições que desejam melhorar, melhorar e avançar; para haver paz é preciso justiça”, enfatizou Maduro durante a assinatura do acordo.
Por sua vez, o promotor Karim Khan destacou o compromisso de trabalhar de forma complementar e independente com a Venezuela, ao mesmo tempo em que rejeitou qualquer tentativa de politizar o trabalho de seu gabinete; “Somos guiados pelos princípios da legalidade e do Estado de Direito, não por questões políticas”, disse ele.
Diante deste cenário, o Parlamento venezuelano aprovou um acordo para apoiar o memorando de entendimento assinado na véspera pela República Bolivariana e pela Procuradoria do TPI, no qual pediu aos órgãos judiciais a redobrar esforços para investigar e punir atos constituintes do humano violações de direitos.
Da mesma forma, a Assembleia Nacional estabeleceu a sua plena disposição para empreender as reformas e medidas necessárias para fortalecer o respeito e a garantia dos direitos humanos no país, bem como para contribuir para o bom funcionamento do sistema judicial.
Por sua vez, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, qualificou a assinatura do memorando como uma vitória das instituições democráticas venezuelanas, ao abrir as portas para a consolidação do diálogo e da cooperação entre as partes para o estabelecimento da verdade em os fatos denunciados.
A Saab especificou que os especialistas do TPI poderão perceber o trabalho sustentado das instituições penais e judiciais venezuelanas em matéria de acusações e condenações relacionadas a violações de direitos humanos, “para punir aqueles que lamentavelmente se desviaram do caminho da lei”, disse ele disse.
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