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Eleições chilenas com um prognóstico reservado

Eleições chilenas com um prognóstico reservado

Santiago do Chile, 19 nov (Prensa Latina) Na véspera das eleições no Chile, as perspectivas hoje são complexas, pois parece que nenhum candidato vencerá no primeiro turno e tudo aponta para uma segunda votação no dia 19 de dezembro para determinar o próximo presidente.

Sete candidatos de um amplo espectro político aspiram ao Palácio de La Moneda, mas quase todas as pesquisas de opinião concordam que aqueles que têm a maior intenção de votar não chegam a 30 por cento.

As pesquisas, que nos últimos dois anos falharam em suas previsões eleitorais, colocam Gabriel Boric, da coalizão de esquerda Apruebo Dignidad, e o candidato de extrema direita José Antonio Kast, do Partido Republicano, no topo da lista.

Tampouco é membro dos partidos que governaram o país nas últimas três décadas, o que se deve ao descrédito das formações políticas tradicionais, especialmente após a convulsão social de 2019.

Boric, com apenas 35 anos de idade, é o mais jovem candidato à presidência chilena, vem das manifestações estudantis de 2011 e atualmente é deputado do 28º distrito da Região de Magallanes e da Antártica Chilena.

Kast, do Partido Republicano, é um defensor da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e suas posições são próximas as do presidente brasileiro Jair Bolsonaro e as do ex-presidente estadunidense Donald Trump (2017-2021).

De origem alemã, Kast tem estado no centro da controvérsia por negar os assassinatos e desaparecimentos durante a ditadura de Pinochet, por querer cavar uma vala na fronteira para impedir a passagem de migrantes, e por separar o país do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

São duas visões muito diferentes: uma de Boric, que quer avançar nas mudanças para que haja mais estabilidade, e outra que está empenhada no confronto, em negar os problemas e varrê-los para debaixo do tapete, como é o caso de Kast, disse o deputado Giorgio Jackson.

Também concorrem na corrida pela presidência Yasna Provoste, da coalizão centro-esquerda Novo Pacto Social; Sebastián Sichel, do pró-governo Chile Podemos Más; Marco Enríquez-Ominami, do Partido Progressista; Eduardo Artés, da União Patriótica; e o economista Franco Parisi, do Partido do Povo.

Mas poucos dias antes das eleições, 58% dos eleitores não sabem em quem votar, de acordo com um estudo publicado pela Consultora Rebaño, um laboratório de comunicações baseado em inteligência digital.

Somado a isto está o problema estrutural da abstenção. Desde que a votação voluntária foi aprovada em 2012, o comparecimento dos eleitores caiu, a ponto de o atual Congresso Nacional ter sido eleito em 2017 com 48% e o Presidente Sebastián Piñera com 50%.

Quem for eleito para o mandato de 2022-2026 enfrentará um cenário difícil, marcado por problemas de saúde, econômicos e sociais decorrentes da Covid-19.

A pandemia está sob controle no país, onde foram registradas mais de 38.000 mortes e 1,7 milhões de infecções, embora nos últimos meses tenha havido uma recuperação no número de casos.

A isto se soma a crise migratória no norte e o conflito na região sul de La Araucanía, onde o povo mapuche exige o retorno das terras ancestrais.

Quem substituir Piñera no Palácio de La Moneda terá que dirigir o processo em andamento para dotar o país de uma nova constituição para substituir a que está em vigor desde a ditadura.

Esta foi uma das exigências do clamor social de 2019, e um ano depois o povo decidiu por maioria esmagadora (78%) alterar a Constituição para fortalecer o papel do Estado e garantir os direitos sociais para todos os chilenos.

A convenção encarregada de redigir o texto é composta por 155 constituintes, incluindo 17 representantes dos povos indígenas, e terá nove meses, prorrogáveis por mais três, para redigi-lo.

O próximo presidente terá que acompanhar o processo de implementação da nova constituição, que deverá ser submetida a um referendo para ratificação em meados de 2022.

jha/car/vmc

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