“A ideia é lembrar nossos falecidos como eles eram, para que não caiam no esquecimento, mantenham sua memória atualizada”, diz o fotojornalista Frederick Meza, idealizador da iniciativa, que gerou interesse nesta nação centro-americana, onde todo dia 2 de novembro é algo quase religioso para “desabrochar” os túmulos familiares.
É como montar um altar doméstico que pode levar para qualquer lugar do bolso, até para o próprio cemitério: basta um dispositivo móvel com leitor de QR, a versão moderna do código de barras que se popularizou em El Salvador como alternativa ao evitar que várias pessoas toquem na mesma superfície.
Meza começou evocando sua tia Ana Lilian Chacón, uma bibliotecária que ele amava como segunda mãe. Mais tarde, ele montou outro para sua avó Simona “Mamá Tere” Chacón. Agora o faz por quem lhe pede, uma espécie de “homenagem eterna aos entes queridos, que ultrapassa fronteiras”.
Embora Meza seja pioneira neste serviço em El Salvador, em países como o Japão já existe a prática de identificar lápides com códigos QR. E o que ele concebeu como uma homenagem pessoal aos mais velhos, tornou-se uma oportunidade de negócio que, de certa forma, se beneficia das restrições associadas à emergência sanitária.
De fato, este ano a Prefeitura de San Salvador deixou bem claras as regras para cumprir a tradição guanaca de limpar e branquear sepulturas, contratar mariachis para cantar aos mortos ou comer flocos de mel panela: apenas duas pessoas por núcleo familiar, nada de outra pessoa, usando máscara e distanciamento social.
Embora tenha sido concebida para o Dia dos Mortos, esta iniciativa tem potencial cultural e até turístico: são realizadas visitas guiadas para ver onde estão sepultadas personalidades nacionais, conhecer a sua história, calcular quanto tempo viveram, ou ver arquitetura e arte funerária. Algo macabro, mas pelo gosto, pelas cores.
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