A decisão atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), no dia 5 de novembro, para defender a ampliação das investigações contra o governante por prevaricação no caso.
A PGR argumentou que a investigação deveria ser estendida por 45 dias para concluir a investigação.
Nos termos da lei, a prevaricação consiste em “atrasar indevidamente ou omitir um ato oficial, ou praticá-lo em violação do disposto na lei expressa, para satisfazer interesses ou sentimentos pessoais”.
O ponto de partida é o que foi divulgado no dia 25 de junho, na comissão do Senado que avaliou a gestão do governo diante da pandemia Covid-19 pelo funcionário do Ministério da Saúde Ricardo Miranda, chefe do departamento de logística de importação, e seu irmão, o deputado Luis Miranda.
Ambos afirmaram ter alertado Bolsonaro, em março, sobre suspeitas de corrupção na negociação para aquisição da Covaxin, droga anti-Covid-19.
Entre as irregularidades apontadas pelos irmãos estava a fatura internacional com perspectiva de um adiantamento de 45 milhões de dólares, o que não estava previsto no contrato original.
Da mesma forma, outras contas com previsão de doses inferiores às anunciadas em contrato e por conta de uma empresa com sede em Cingapura, o que não constava do contrato original.
A investigação busca esclarecer se houve ou não omissão do Bolsonaro em relação às alegadas anomalias no processo de contratação de antígenos e também se o presidente, de alguma forma, se beneficiaria pessoalmente com isso.
Durante três meses, o governo não comunicou nada abertamente sobre as acusações em torno de Covaxin.
Depois que os irmãos Miranda tornaram isso público, o governo federal apresentou três versões.
O escândalo desencadeou a impopularidade do ex-militar nas urnas, e o Ministério Público Federal, assim como a Controladoria-Geral da União, investigam o caso notório separadamente, em meio a uma doença que já causou 613.066 mortes e 22.030.182 até hoje contágios.
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