A controvérsia surgiu quando o jornalista chileno Mauricio Weibel publicou em redes sociais uma carteira de identidade de Michael Kast mostrando sua filiação voluntária ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães de Adolf Hitler, em 1º de setembro de 1942.
O documento contradiz as declarações do candidato de extrema-direita do Palácio de La Moneda, que sempre alegou que seu pai havia lutado na guerra como um simples recruta para o serviço militar obrigatório.
“Quando há uma guerra e há um recrutamento obrigatório, um jovem de 17 ou 18 anos não tem a opção de dizer: ‘Eu não vou’, porque lhe submetem a um julgamento militar e atiram nele no dia seguinte”, disse Kast certa vez.
Para o jornalista Weibel, Kast mentiu conscientemente e é muito importante que, em meio à campanha eleitoral, os cidadãos saibam se seus candidatos estão dizendo a verdade ou não.
O livro A la sombra de los cuervos, publicado em 2018, dedica vários parágrafos ao patriarca da família Kast e afirma que ele escapou de Munique nos anos 50 com documentos falsos e se estabeleceu na cidade de Paine, na Região Metropolitana de Santiago.
As novas revelações chegam poucos dias antes do segundo turno das eleições de 19 de dezembro, onde Kast enfrentará o candidato da coalizão de esquerda Apruebo Dignidad, Gabriel Boric, indicado como favorito pelas urnas.
Consideradas as mais polarizadas em décadas, as eleições são para alguns especialistas uma espécie de dicotomia entre democracia e fascismo e uma réplica do plebiscito de 1988, onde o triunfo do No vote levou ao fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Kast tem estado no centro da controvérsia por negar as violações dos direitos humanos cometidas durante aquele regime e até votou a favor da continuação de Pinochet no poder naquele referendo.
Seu irmão, Miguel Kast, foi presidente do Banco Central durante a ditadura.
“Se Pinochet fosse vivo, ele votaria em mim”, disse certa vez o candidato presidencial.
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