Na quarta-feira 8, o Tribunal Eleitoral proclamou a contagem de 671.631 assinaturas de cidadãos constitucionalmente necessários para convocar um referendo, 25 por cento dos eleitores uruguaios.
Aplausos espontâneos irromperam entre o pessoal encarregado de validar os votos ao atingir o número final necessário, para o qual quase 800.000 assinaturas foram entregues em 9 de julho, todas coletadas durante alguns meses por organizações sociais que são membros da Comissão Pró-Referendo.
A autoridade arbitral também anunciou que a votação ocorreria em 27 de março, com uma cédula rosa para o SIM e uma azul claro para o NÃO, deixando assim a LUC intacta.
Entretanto, esta última atribuição foi contestada pelos promotores do referendo, com o argumento de que se trata de um símbolo nacional que pode ser estendido à equipe de futebol, favorecendo potencialmente o partido por ela identificado.
O presidente da central sindical Pit-Cnt, Marcelo Abdala, disse que esta escolha de cores “atinge o estádio” porque “quando a equipe nacional joga, todos nós cantamos ‘soy celeste'”, e a descreveu como um “truque”, razão pela qual foi apresentado um recurso.
A semana começou com as eleições internas da Frente Ampla, que passaram normalmente com um afluxo de quase 130.000 militantes e simpatizantes, que superaram os quatro mil participantes do processo anterior em 2016.
Há três candidatos à presidência: o ex-líder sindical Fernando Pereira, o secretário-geral do Partido Socialista e deputado Gonzalo Civila e a ex-senadora Ivonne Passada.
As eleições, que continuarão para os residentes no exterior até 15 de dezembro, também abrangem as presidências dos 19 departamentos do país e as listas de setores e candidatos para as sessões plenárias correspondentes.
Também na linha de frente estava a rejeição de um projeto de lei do partido governista Cabildo Abierto para conceder prisão domiciliar a mais de 20 repressores da ditadura presos por cometerem crimes graves contra a humanidade.
Delegações da sociedade civil, várias organizações e juristas que se manifestaram contra o projeto no parlamento levaram os partidos de coalizão, Nacional e Colorado, a adiar a discussão da proposta para depois do referendo.
O coletivo uruguaio Mães e Parentes dos Detidos e Desaparecidos durante a ditadura (1973-1985) e outras organizações mobilizaram uma marcha humana para repudiar nas ruas de Montevidéu a tentativa de beneficiar os comprovados terroristas do Estado.
A proclamação lida ontem do Dia Internacional dos Direitos Humanos lembrou que este projeto de lei contraria abertamente o quadro legal e os compromissos aos quais o Estado uruguaio adere livremente.
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