Com grande ímpeto desde o início de seu governo, o presidente Alberto Fernández e seu gabinete deram prioridade a esta questão, que diz respeito ao território nacional usurpado pelo Reino Unido em 1833, que gerou o conflito de guerra em 1982.
Este ano será ainda maior, por meio de diversas iniciativas que convocam os argentinos a se unirem a seus próprios projetos para contribuir com um programa que terá atividades diferentes a cada mês em todo o país e também em outras partes do mundo.
“As Malvinas nos unem” é o lema da campanha lançada dia 3 de Janeiro, coincidente com o 189º aniversário da desapropriação, que inclui uma grande plataforma virtual com mais de 150 atividades para tornar visível a batalha pelos direitos nacionais.
Ao apresentar a proposta, o Ministro das Relações Exteriores, Santiago Cafiero, destacou que os espaços insulares e marítimos saqueados unem os argentinos e por isso em cada localidade há reconhecimento.
Lembrando que o presidente instruiu a criação do Conselho Nacional das Malvinas, frisou que as diferentes forças políticas se juntaram e fazem parte da agenda, o que significa que será de muita reflexão e reconhecimento.
Por este motivo, foi construída de forma participativa com todas as entidades nacionais, provinciais, municipais e educativas, a iniciativa, que se transformou numa plataforma virtual, que dispõe de material audiovisual e até de uma seção para os cidadãos enviarem a sua proposta de inclusão no programa.
O chefe da diplomacia argentina destacou que as Ilhas Malvinas devem unir e orientar a nação e nesta agenda, cada setor pode propor de coração de onde deseja reconhecer os caídos e suas famílias, e vincular a questão não só com o passado e presente, mas com o futuro.
A Agenda 40 Anos das Malvinas tem como eixos principais o reconhecimento e homenagem do povo argentino aos caídos, suas famílias e veteranos da guerra, além de aprofundar a divulgação e visibilidade, nacional e internacional, dos direitos soberanos sobre essas terras.
E é que além de lembrar o aniversário, a data coincide com o 40º aniversário da aprovação da Resolução 37/9 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que estabeleceu que o conflito do Atlântico Sul não alterou a natureza da disputa de soberania entre a Argentina e o Reino Unido.
Também comemora o 10º aniversário da Declaração de Ushuaia, emitida por unanimidade pelo Congresso Nacional como reafirmação da política de Estado em relação à Questão das Malvinas.
Uma marca gráfica como elemento unificador da mensagem da causa nacional que se vai encontrar ao longo de 2022 destaca-se entre as iniciativas díspares que se vão levar a cabo e nas quais o Museu das Malvinas e Ilhas do Atlântico Sul desta capital será um grande protagonista.
Em declarações exclusivas à Prensa Latina, seu diretor, jornalista, escritor e ex-combatente Edgardo Esteban, destacou que as Malvinas também marcam este processo identitário na história argentina.
Estamos trabalhando em uma agenda com mais de 150 projetos. Um dos epicentros para refletir e destacar essa união que os argentinos têm sobre o tema será o dia 2 de abril (o Dia dos Veteranos e o Dia da Memória dessa guerra), afirmou.
Significa que pretendem realizar um grande encontro federal com os ex-combatentes, junto com o Estado e as províncias, para mostrar ao mundo a unidade da Argentina nesta reivindicação permanente que não vai retroceder.
Quando falamos sobre as Malvinas, estamos a falar da base militar que os britânicos têm no hemisfério sul, um aliado da OTAN, nas nossas ilhas, observou ele.
Também estamos falando, disse ele, de um porto de águas profundas para controlar os 2.400.000 quilômetros quadrados que afirma estar na plataforma continental, um espaço 10 vezes maior que o das Ilhas Britânicas.
Ele acrescentou que inclui um Reino Unido voltado para o sul, com controle da maior reserva de água potável da Antártica, suas reservas de alimentos e energia.
Esteban também destacou a informação recente que revela como os britânicos trouxeram armas nucleares em 1982 para possível uso na guerra, o que causou grande rejeição na Argentina.
Para o autor de Iluminados por el fuego, -história imortalizada no cinema pelo realizador e agora Ministro da Cultura Tristán Bauer- a questão das Malvinas não é uma questão de Governo, mas de Estado, como dizia o próprio Presidente Fernández ao afirmar que está acima das questões políticas.
É um trabalho de unidade exigir que o Reino Unido se sente para dialogar e comece a negociar sua retirada de uma das 16 colônias que possui no mundo. Será um ano muito intenso no que se refere à causa das Malvinas e vamos trabalhar a partir da cultura e da comunicação para marcar a palavra soberania, disse o veterano.
Várias das atividades que acontecerão nestes 12 meses serão um concurso de dramaturgia intitulado Mulheres e Malvinas, seminários de formação, distribuição do Mapa Bicontinental nas embaixadas argentinas no exterior, curso de formação de professores sobre o tema, convocatória de projetos de pesquisa, exposições itinerantes e apresentações de títulos.
UMA LUTA INEVITÁVEL
“Jamais renunciaremos à reivindicação da soberania porque acreditamos que o seu exercício é decisivo para a determinação da nossa autonomia no território continental, marítimo, insular e antártico, frisou nos últimos dias o Ministro da Defesa, Jorge Taiana, ao ratificar o direito de soberania sobre aquela terra onde, disse ele, há sangue argentino.
Por isso estamos dando um forte impulso à campanha de verão antártica e recuperando a base do Petrel, que durante décadas esteve abandonada, acrescentou.
Em múltiplas ocasiões, esta nação apelou à contraparte para que retome o diálogo e avance na busca de uma solução pacífica e duradoura para a controvérsia, sem obter até o momento qualquer resposta.
Além disso, desde 1983 o Comitê Especial das Nações Unidas para a Descolonização (C-24) reiterou o apelo para retomar as negociações para encontrar, o mais rapidamente possível, um acordo para a controvérsia de soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul, Sandwich do Sul e o espaços marítimos circundantes.
“As Ilhas Malvinas foram, são e serão da Argentina”, disse o presidente Alberto Fernández recentemente, decidindo que “não há dúvida sobre o direito que este país tem sobre esse território”.
rmh / may / hb
* Correspondente-chefe da Prensa Latina na Argentina