Sob o argumento de uma suposta intenção da Rússia de alistar militares na fronteira diante de uma incursão na Ucrânia, os Estados Unidos e seus aliados ocidentais prometem sanções contra o governo do país eurasiano, que defende, por sua vez, o direito legítimo de mover tropas dentro de seu próprio território.
Em meio a esse contexto, a representação russa que preside o Conselho de Segurança este mês realizou uma reunião no dia anterior para analisar as consequências humanitárias negativas dessas medidas coercitivas unilaterais.
As delegações russa e chinesa rejeitaram a aplicação de tais mecanismos que acabam por prejudicar o desenvolvimento dos povos. Ambos os países, membros permanentes do Conselho, alertaram sobre as consequências humanitárias geradas pelas sanções.
O representante permanente suplente da Rússia nas Nações Unidas, Dmitry Polyanskiy, denunciou como as medidas unilaterais dificultam a manutenção da paz e interferem na soberania dos Estados.
É o caso de países como Síria, Belarus, Cuba, Venezuela, Irã, Afeganistão e Mali, que passam por grandes dificuldades devido às sanções, destacou.
Apenas as sanções do Conselho de Segurança são legais e representam uma importante ferramenta que permite reagir a certas ameaças, considerou Polyanskiy.
Por sua vez, o embaixador chinês Zhang Jun disse que as sanções unilaterais são uma fonte de grande preocupação e exacerbam “posições de força”.
Nesse sentido, ele defendeu o levantamento dessas medidas coercitivas e detalhou como as sanções na República Popular Democrática da Coreia têm sérias consequências humanitárias para a população civil.
Enquanto isso, a representação dos Estados Unidos negou tal custo humanitário e reiterou seu apoio à imposição de sanções como forma de pressão.
Enquanto Moscou e Beijing defendiam a flexibilização desses mecanismos, os países ocidentais reafirmaram seu compromisso com seu uso, apesar dos impactos negativos sobre os civis.
O coordenador humanitário das Nações Unidas, Martin Griffiths, destacou que as sanções afetam direta ou indiretamente muitas das operações de assistência da agência.
As autoridades da ONU sustentam que essas medidas aprovadas pelo Conselho de Segurança são mais seletivas e visam “limitar consequências não intencionais”.
Atualmente, existem 14 regimes de sanções em vigor que têm a aprovação do Conselho de Segurança e afetam países como Líbia, Iêmen, Mali, Sudão e Somália.
Desde o início da pandemia de Covid-19, o secretário-geral da ONU, António Guterres, incentivou o levantamento de medidas coercitivas unilaterais impostas a outros países para facilitar o acesso a suprimentos de saúde, apoio médico e alimentos, entre outros.
Apesar dos apelos das autoridades das Nações Unidas e das reivindicações de seus países membros, os Estados Unidos insistem em manter sua política de assédio e medidas coercitivas contra Estados soberanos como Cuba e Venezuela, e continua a intensificar essa política.
O bloqueio de Washington contra a maior das Antilhas aparece como o sistema mais injusto, severo e prolongado de medidas coercitivas unilaterais aplicadas contra qualquer nação.
Recentemente, o representante permanente de Cuba na ONU, Pedro Luis Pedroso, rejeitou o ilegal e draconiano bloqueio estadunidense contra a ilha, assim como em 3 de fevereiro passado marcou o 60º aniversário da oficialização desse cerco.
Por meio de sua conta no Twitter, o embaixador compartilhou um link onde pode ser encontrada uma coleção de documentos desclassificados do Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que registram as origens, justificativa e evolução inicial das sanções punitivas de Washington contra Cuba após o triunfo da Revolução.
Os arquivos mostram que o conceito inicial dessa pressão econômica era criar “dificuldades” e “desilusões” entre a população cubana, criar dificuldades econômicas, causar fome, desespero e derrubar o governo.
No entanto, um estudo de caso da Agência Central de Inteligência sobre o bloqueio, escrito 20 anos após sua imposição, concluiu que tais sanções “não cumpriram nenhum de seus objetivos”.
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