“Hoje estou em greve de fome, estou desesperada para ver um país sem justiça ou lei”, escreveu a ex-presidente em uma carta lida por sua filha Carolina Ribera, que chegou ao poder após a derrubada do presidente constitucional Evo Morales em 10 de novembro de 2019.
Neste caso, a ex-senadora, defensora das políticas neoliberais, está sendo processada por violação de deveres e resoluções inconstitucionais.
A medida de pressão segue-se a repetidas reclamações sobre uma suposta “violação de todos os meus direitos e garantias”, táticas dilatórias da defesa e até mesmo uma declaração publicada em 8 de fevereiro pelos 21 ex-presidentes que compõem a Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas, que é solidária com a política dos EUA.
O chefe do Movimento ao Socialismo (MAS) na Câmara dos Deputados, Gualberto Arispe, descreveu imediatamente a greve de fome como uma ação política de vitimização, cujo objetivo é evitar o processo judicial.
“A ação e a medida que ela está tomando neste momento é puramente política, temos que baseá-la em bases legais”. Se ela quer se defender, tem o direito de fazê-lo, mas o fato de estar se vitimizando beira a incredulidade”, criticou o líder da bancada majoritária.
Arispe afirmou que Áñez cometeu várias ofensas contra a Constituição e os regulamentos da Assembleia Legislativa Plurinacional antes de se proclamar presidente de fato em 12 de novembro de 2019.
De acordo com a Constituição, a sucessão presidencial não pode cair para a segunda vice-presidência do Senado, e o regulamento do Senado estabelece que é a primeira força política (MAS) que deveria ter sido o chefe de Estado, o que também não aconteceu, explicou o legislador.
Descreveu que essas ações violam os artigos 161 e 169 da Constituição, além do Regulamento do Senado, e esclareceu que por isso Añez é processada no processo do Golpe de Estado II.
Luis Adolfo Flores, senador do MAS, entretanto, disse que o ex-governador de facto conhece as falhas que cometeu e é por isso que decidiu fazer greve de fome.
“Imagino que (com a greve) ela esteja tentando evitar ir a julgamento, porque no final eu acho que ela foi mal aconselhada ou mal interpretada. No fundo, tenho certeza que ela deve saber que violou a constituição, que violou as regras, que ordenou o assassinato ao aprovar um decreto, dando-lhe o poder de assassinar alguns membros das forças armadas”, disse Flores à imprensa.
Também foi enfático em sua opinião de que aqueles que interpretam a Constituição e as leis por sua livre vontade, sem levar em conta o Tribunal Constitucional, devem ser punidos.
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