Os especialistas minimizaram a importância da viagem do presidente, em meio à atual crise geopolítica, da qual, além disso, “não se esperam retornos significativos”, de acordo com o jornal Correio Brasileiro.
O país eurasiático não é o principal destino das exportações brasileiras, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o que coloca a Rússia longe dos maiores negociadores.
Em 2021, Moscou ficou em 36º lugar entre os principais compradores de produtos brasileiros, apenas à frente da África do Sul, entre os parceiros do emergente bloco Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul).
Especialistas desta organização salientaram que a viagem seria muito cara, “porque não é justificável do ponto de vista comercial e poderia ser adiada, sem criar problemas entre os dois países”, acrescenta o jornal.
As importações brasileiras da Rússia – notas Secex – totalizaram US$ 5,7 bilhões em 2021, com um saldo comercial negativo de US$ 4,11 bilhões no comércio bilateral.
Segundo o cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília, a viagem de Bolsonaro tem o único objetivo de melhorar sua própria projeção internacional, “que é muito negativa”.
Bolsonaro diz que vai comprar fertilizantes, mas esta compra vai ser muito cara, dada a distância para a Rússia”, disse ele. O Brasil é um pária internacional e o presidente quer melhorar sua imagem no exterior, acrescentou ele.
Para Fleischer, a explicação de que o convite para o governo local ocorreu antes da crise (em torno da OTAN e dos Estados Unidos, Rússia e Ucrânia) e que o governo brasileiro não poderia recusar é “não plausível”.
Por outro lado, Wagner Parente, um especialista em relações internacionais, concordou que o comércio do Brasil com a Rússia é desfavorável para o lado sul-americano, devido ao déficit comercial com Moscou.
As importações brasileiras, destacou, estão concentradas em fertilizantes, mas em geral, o peso do comércio com a Rússia é muito pequeno, comparado com os Estados Unidos e a China, ou mesmo com o Oriente Médio.
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