Boric, 36 anos e representante da coalizão de esquerda Apruebo Dignidad, prestou juramento no dia anterior durante uma cerimônia no Congresso Nacional em Valparaíso, com a presença de chefes de estado ou de governo e delegações de vários países, em sua maioria latino-americanos.
Após sua posse, o presidente viajou para a capital para fazer seu primeiro discurso à nação do Palácio de La Moneda.
“Hoje os sonhos de milhões de pessoas estão aqui nos empurrando para levar a cabo as mudanças que a sociedade exige”, disse Boric a uma multidão reunida na Plaza de la Constitución.
Entretanto, ele reconheceu que não será fácil alcançar os objetivos porque o país está enfrentando uma crise interna e externa.
“Vamos viver tempos desafiadores e tremendamente complexos. A pandemia (de Covid-19) continua o seu curso com o custo da dor e da perda de vidas e estará conosco por um longo tempo”, advertiu ele.
Ele acrescentou que a economia continua a sofrer e o país precisa crescer e distribuir os frutos de forma justa porque quando a riqueza se concentra em poucos, a paz é muito difícil de alcançar.
Ele mencionou entre suas prioridades a redução da desigualdade social, o combate ao crime, a reforma da polícia e a melhoria da saúde e da educação.
Com relação à crise migratória no norte do país, ele prometeu recuperar o controle das fronteiras e trabalhar com países irmãos para enfrentar coletivamente as dificuldades que levam ao êxodo de milhares de seres humanos.
Sobre a situação em La Araucanía, ele considerou injusto falar sobre o conflito mapuche.
“Não, senhores, não é o conflito Mapuche. É o conflito entre o Estado chileno e um povo que tem o direito de existir. E aí a solução não é e não será violência. Trabalharemos incansavelmente para reconstruir a confiança após tantas décadas de abuso e despossessão”, disse ele.
Boric também prometeu acompanhar entusiasticamente o processo rumo a uma nova constituição para substituir a que existe desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
“Precisamos de uma Constituição que nos una, que nos sinta como nossa, que, ao contrário daquela imposta com sangue, fogo e fraude pela ditadura, nasça na democracia, de forma paritária, com a participação dos povos indígenas”, disse ele.
O novo presidente expressou sua decisão de trabalhar em conjunto com os países vizinhos para enfrentar os enormes desafios. “Somos profundamente latino-americanos e deste continente faremos esforços para que a voz do Sul seja novamente ouvida com firmeza em um mundo em mudança”, declarou ele.
Na opinião do chefe de Estado argentino, Alberto Fernández, o novo governo chileno representa “um grande impulso” para a América Latina, enquanto seu homólogo boliviano, Luis Arce, considerou que a investidura de Boric fortalecerá as pontes da integração regional.
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