Segundo o chanceler russo, Sergey Lavrov, o novo documento reflete claramente um distanciamento dos pontos mais importantes da negociação naquela cidade turca, endossado com sua assinatura pelo chefe da delegação do governo ucraniano.
No entanto, ressaltou que Moscou permanecerá no processo de negociação com as mesmas posições e os requisitos estabelecidos desde o início do diálogo, apesar de todas as provocações.
O chanceler russo disse que seu país não descarta que as autoridades ucranianas tentem impor novas condições, mas esclareceu que tal cenário é inaceitável para seu país.
“É provável que na próxima rodada o lado ucraniano peça a retirada das tropas e acumule novas pré-condições. Esse plano é compreensível, mas é inaceitável”, ressaltou.
Ele também chamou a atenção para a incapacidade de Kiev de negociar e denunciou sua “política de retardar e até minar as negociações, afastando-se dos acordos alcançados”.
Segundo o chefe da diplomacia russa, tais fatos mostram que Kiev é controlada por Washington e seus aliados, que pressionam o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, a continuar lutando.
Moscou também alertou sobre a recusa das autoridades de Kiev em discutir a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia e enfatizou que tal decisão não contribuirá para o processo de negociação.
No início desta semana, o presidente ucraniano declarou que seu país continuará as negociações com Moscou, mas confirmou que não discutirá a desmilitarização e desnazificação de seu país, condições exigidas pela Rússia para o fim das ações militares.
Para analistas políticos, os recentes assassinatos de civis na cidade ucraniana de Bucha e as denúncias sobre a suposta autoria dos soldados russos contribuíram para a estagnação das consultas entre as partes, embora Moscou negasse sua ligação com os acontecimentos.
O Ministério da Defesa russo considerou os crimes uma provocação e denunciou que se tratava de mais uma encenação encenada para a mídia, como aconteceu em Mariupol com a maternidade, assim como em outras cidades.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores russo descreveu o ato como um “falso ataque” com o qual a Ucrânia e o Ocidente tentaram demonizar o exército russo e explodir o diálogo entre os dois países.
Em sua opinião, sempre que nas negociações entre Moscou e Kiev há uma razão para esperar “algum progresso, mesmo que modesto”, surgem circunstâncias que os bloqueiam.
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