Assinada por Zeca Afonso, a música foi gravada em outubro e novembro de 1971 na França, deu a volta ao mundo em mais de 100 versões e se tornou um hino de liberdade para os nacionais.
É uma homenagem à sociedade musical de Grândola, concelho do Distrito de Setúbal, na região do Alentejo, no sul do país.
Membros do Movimento das Forças Armadas, liderado por António de Spínola, ouviram os seus acordes no Coliseu desta capital, a 29 de março de 1974, e escolheram-no como palavra-chave para iniciar a Revolução.
Lisboa foi o epicentro do levante sem derramamento de sangue que restaurou a democracia no país após quase meio século de ditadura, segundo historiadores.
Os vestígios desse feito são hoje uma das atrações turísticas desta cidade em que placas colocadas em alguns edifícios relembram os acontecimentos ocorridos há 48 anos quando aqui entraram colunas de soldados rebeldes a meio da noite.
Na madrugada de 25 de abril de 1974, milhares de pessoas aderiram à revolta e, em poucas horas, derrubaram o então primeiro-ministro Marcelo Caetano, que sucedeu a António de Oliveira Salazar, impedido de continuar no cargo devido a um acidente doméstico.
Este último foi chefe de governo de 1932 a 1968 e, temporariamente, presidente da República em 1951, e foi a principal figura do chamado Estado Novo, a ditadura mais antiga do continente europeu.
Nesse cenário ocorreu uma marcha durante a qual a multidão armada de cravos avançou por esta capital.
Um soldado colocou uma dessas flores, que recebeu das mãos de uma jovem, no cano de seu fuzil e seus companheiros repetiram o gesto como símbolo de paz.
Todos os anos, Portugal recorda esta façanha com um tradicional desfile pela Avenida Liberdade desta capital em que os participantes carregam cravos vermelhos e, das suas janelas, os cidadãos cantam Grândola, Vila Morena.
Essa ação provocou a queda da ditadura e permitiu que as últimas colônias portuguesas conquistassem sua independência, após uma longa guerra contra a metrópole.
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