Roma, 27 abr (Prensa Latina) A senadora italiana Paola Nugnes elogiou aqui hoje o desenvolvimento científico de caráter público e livre de conflitos de interesse alcançado por Cuba. Uma ciência que avança mais rapidamente e com mais confiança na população porque há a convicção de que se houver um erro é humano e não por conflitos de interesse, disse a legisladora em diálogo com a Prensa Latina.
Nesse sentido, destacou como um “fato extremamente positivo” que a ilha, “sem muitas matérias-primas” investe nas pessoas, no seu desenvolvimento cultural e científico.
Napolitana de nascimento, arquiteta de profissão e eleita duas vezes para a Câmara Alta pelo Movimento 5 Estrelas, Nugnes deixou a bancada daquela organização e foi para o Grupo Misto, de onde apoiou a candidatura do Contingente Henry Reeve ao Prêmio Nobel Prêmio da Paz.
Em abril de 2021, ela também foi a promotora de uma moção aprovada pelo Senado italiano a favor do fim do bloqueio dos EUA contra a nação caribenha. A esse respeito, explicou que “todos já estávamos cientes do embargo absurdo que Cuba sofre há mais de 60 anos”, mas a pandemia de Covid-19 os fez se perguntar como a ilha estava lidando, já sujeita a restrições tão difíceis.
Noutra parte do colóquio, Nugnes reflectiu sobre a situação política na Itália que, na sua opinião, “acelerou para a escuridão”, nomeadamente na atual legislatura em que, disse, abandonámos um dos principais pormenores da nossa Constituição de que a soberania é do povo.
Depois de apontar que o povo tem a possibilidade de exercer essa soberania em poucas ocasiões e uma delas é por meio do voto, ressaltou que votar em um partido não significa votar no povo, mas em programas eleitorais com certa orientação.
Aconteceu que desde 2018, o voto dos italianos foi claramente negligenciado, apontou ela ao se referir aos dois governos presididos por Giuseppe Conte, de 1º de junho de 2018 a 5 de setembro de 2019 e, a partir dessa data, até 13 de fevereiro de 2021, observou ela.
Em sua opinião, esses executivos adotaram uma linha bem diferente daquela programada em que falavam, sobretudo, do compromisso de apoiar as pequenas e médias empresas e baixar a pirâmide de poder, para uma melhor distribuição da riqueza e do poder contratual do trabalho.
Dignificar o trabalho e dar participação aos partidos sociais nos processos decisórios, indicou.
Mas em todo o caso, alertou, a verdadeira viragem de força ocorreu com a intervenção a que foi submetida a Itália com o governo de Mario Draghi “que não responde em nada” à vontade popular, com “uma consolidação do atlantismo e um certo europeísmo”.
A este respeito, esclareceu que “somos seguramente europeístas, no sentido de uma Europa dos povos, que tem as suas raízes nos documentos do Ventotene, onde a nossa constituição europeia e os nossos princípios foram redigidos na prática, mas sabemos que o que foi desenvolvido não foi nessa direção.”
Nascemos para ser o continente da paz e a Itália caminha nessa direção há muitos anos, especificou, enfatizando que, “com este governo que vem da Europa e dita condições para outros interesses que são de qualquer outro lugar, a Itália está se expondo e não está se movendo no interesse da paz ou do país”.
Certamente não sou nacionalista, mas sei que estamos a agir contra os nossos interesses nacionais e europeus, adicionou ela.
Para Nugnes, com “nossa sujeição aos Estados Unidos da América” esse país ainda faz com que a Itália pague pela ajuda prestada durante a Segunda Guerra Mundial para a libertação do jugo nazi-fascista e o crédito subsequente concedido através do Plano Marshall.
oda/fgg/cm