Há rostos cansados e sem sono. Outros perguntam com lágrimas que esse gigante de escombros e poeira causado por uma explosão devolverá seus seres vivos. Cada movimento dos socorristas, alerta e cada recuperação de um corpo sem vida, é avassalador. Poucos adjetivos podem descrever a sensação de inquietação e, ao mesmo tempo, esperança.
Os mais arriscados buscam depoimentos. Gravamos em imagens e vozes reais, além das frases feitas e das postagens do momento. Vale a pena arriscar apenas para descobrir os verdadeiros heróis como a jovem que dedicou 8 anos de trabalho voluntário para salvar vidas.
Ao cão resgatado e seu treinador que trabalham em uma dinâmica única, de absoluta fidelidade, ou ao ator que virou bombeiro. O curioso desse evento é que aconteceu na época do Dia Mundial da Cruz Vermelha, neste 8 de maio.
A Fonte da Índia perto do hotel é esquartejada por outro muro de pessoas que ora descansam, ora choram e ali plantam sua própria vigília diante do panorama dantesco.
E a verdade é que você não vê o prédio desmoronar todos os dias -antes luxuoso- ao lado de sua casa. Nem esta, a Cidade Maravilha, a de Eusébio Leal, aquela que acolheu papas, reis e celebridades, tão imersos num sentimento de angústia e otimismo em doses iguais.
Que a explosão deixa um saldo de perdas, sim. Mas sua onda de choque também foi além de uma capital e seus filhos. Neste momento atravessa fronteiras, mobiliza apoio independentemente de credo, raça ou posição política. Esse alívio permanece e a fé nunca foi dispensada.
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