Em 19 de julho daquele ano, a polícia e os colonos atiraram em mais de 300 membros dos povos Qom e Moqoit, que protestavam por melhores condições de vida e pelo fim dos abusos contra eles nos campos onde eles foram forçados a trabalhar em condições análogas à escravidão.
O chamado Massacre de Napalpí teve entre suas vítimas crianças e idosos, mutilados e enterrados em valas comuns. Após esses eventos, a perseguição e repressão dos sobreviventes continuou. Quase um século depois, em 19 de abril deste ano, começou o primeiro julgamento nesta nação por tais crimes, que reconheceu a responsabilidade do Estado no “planejamento, execução e encobrimento do homicídio com crueldade e impulso de perversidade brutal no âmbito de um processo de genocídio dos povos indígenas. A juíza federal Zunilda Niremperger considerou que esta sentença constitui em si uma forma de reparação e ordenou a tradução das alegações finais nas línguas Qom e Moqoit. Além disso, ela orientou a Equipe Argentina de Antropologia Forense a continuar com as escavações, busca e exumação de valas comuns e restaurar os restos mortais para a comunidade. Por outro lado, pediu ao Ministério das Relações Exteriores que divulgasse a sentença em organismos internacionais e a inclusão do caso
no plano educacional nacional. Da mesma forma,o Estado deve realizar um ato público de reconhecimento da responsabilidade pelos crimes e criar um museu e memorial no Prédio Histórico do Administração da Redução de Napalpí. Niremperger pediu o fortalecimento das políticas de prevenção e erradicação do ódio, racismo, discriminação e xenofobia, bem como o respeito pelos direitos dos povos indígenas. Ele também instou o Congresso Nacional a declarar 19 de julho como um Dia Nacional de Comemoração desses eventos.
mv/gas/mmd