“Quebro o silêncio para lhe dizer que, graças a informações publicadas na agência Prensa Latina, tomei conhecimento do lançamento do texto “Operação Condor contra Cuba”, apresentado na sexta-feira sobre aquela ilha heróica, obra que me deixa muito feliz.”, indicou.
“Em pleno século 21, o Condor continua voando na região, é preciso cortar as asas tomando consciência de sua valiosa contribuição intelectual”, acrescenta uma mensagem do Prêmio Nobel Alternativo enviada ao autor com cópia para este meio de comunicação.
“Quanto à minha existência, já aposentada da Unesco em Paris, dedico-me à criação e funcionamento do ‘Museu das Memórias: ditadura e direitos humanos’ e escrevo meu depoimento para que o Condor nunca mais volte a vigorar”, completou.
Por seu lado, Méndez agradeceu ao “caro professor” Almada “as palavras estimulantes” e desejou-lhe boa saúde “para continuar o trabalho iniciado”, em mensagem de correio eletrônico também remetida à Prensa Latina.
O trabalho do pesquisador cubano, fruto de mais de 10 anos de busca em fontes confiáveis, analisa o impacto das ações terroristas contra pessoas e interesses do país caribenho na América Latina.
O volume do jurista e professor Méndez, apresentado no Centro Fidel Castro desta capital, desnuda o esquema da guerra encoberta dos Estados Unidos contra esta nação, posteriormente estendida aos países do Cone Sul.
A busca pelo jornalismo investigativo que levou ao texto revela as relações entre os terroristas patrocinados por Washington e as ditaduras do continente com as quais mantiveram contato, serviram e assessoraram.
Méndez reconstrói em seu livro uma verdade histórica que inclui vítimas como uma dúzia de argentinos empregados na embaixada cubana naquele país, sequestrados e desaparecidos durante a última ditadura militar.
O autor admitiu que seu propósito inspirador era registrar na memória do povo o impacto do crime transnacional contra cidadãos honestos de vários países, contrários ao fascismo e executados por ele.
Méndez, que também transmite em seu livro seu interesse em descobrir os corpos dos desaparecidos pelo Plano Condor, especificou em declarações à Prensa Latina que está pendente a busca e descoberta do jornalista Jorge Ricardo Masetti.
“Este livro será indispensável para reunir as informações necessárias para aquele que um dia será o maior julgamento da humanidade contra o império do crime”, escreveu a pesquisadora argentina Stella Calloni no prólogo.
Martín Almada (1937) foi o líder da busca e localização em 1992 do Arquivo do Plano Condor, desenhado pelos Estados Unidos na cidade paraguaia de Lambaré, com a ajuda do juiz José Agustín Fernández.
Os chamados “Arquivos do Terror” contêm cerca de 700.000 documentos sobre esse projeto das ditaduras contra a esquerda na região, incluindo comunicações de autoridades policiais e militares e informantes civis.
A evidência, que abalou o planeta quando foi revelada, denuncia os horrores contra o povo por ditaduras militares como as do Paraguai, Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, que governaram entre 1970 e 1980.
As contribuições do também advogado e pedagogo sobre os “Arquivos do Terror” fazem parte da Coleção Memória do Mundo da UNESCO, “pelo seu excepcional valor histórico-jurídico”.
O Prêmio Nobel Alternativo, atribuído a Almada em 2002, é atribuído pela Fundação Right Livelihood e foi criado em 1980, depois de os promotores do Nobel terem recusado a distinguir entre direitos humanos e meio ambiente.
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