Por Luis Manuel Arce Isaac
Correspondente da Prensa Latina no México
Entrevistada por esta agência, a diretora da Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais (Flacso-Cuba), esclareceu que, embora a organização que ela representa trabalhe de perto com a Clacso em questões de pesquisa e projetos comuns, elas são duas instituições diferentes.
Afirmou que Clacso tem algo muito importante nesta IX Conferência, ela dá a possibilidade de Cuba ter um fórum no qual pode divulgar e compartilhar seus resultados de pesquisa, e para que seus profissionais os tornem conhecidos a partir de uma perspectiva acadêmica.
Em outras palavras, é um fórum no qual os acadêmicos cubanos podem apresentar e explicar seus projetos de pesquisa, e através deles dar a conhecer a realidade de Cuba à luz do contexto atual.
Clacso, portanto, representa um fórum muito importante para denunciar o bloqueio econômico, comercial e financeiro do governo dos EUA contra a ilha, e para fazê-lo de um ponto de vista científico, disse ela.
Para nós – professores, acadêmicos, pesquisadores – é muito importante que Cuba seja reconhecida nestes cenários, que são frequentados por milhares de intelectuais, por suas realizações e profissionais, pelos resultados dos estudos realizados pelo país nas ciências sociais.
Segundo Muñoz, isto tem permitido à nação cubana, especialmente nos últimos tempos, inserir-se em grupos de trabalho regionais e globais, posicionar certas questões para o diálogo e participar da tomada de decisões em algumas políticas relacionadas com as ciências sociais.
Explicou que, de fato, grande parte da pesquisa dos sociólogos é reconhecida na política da juventude aplicada em Cuba, no plano estatal para enfrentar a mudança climática, no macroprograma para os recursos naturais, entre outros.
Isto, acrescentou ele, torna possível trazer para as políticas sociais, de saúde e educação, e em geral para os critérios de equidade, a marca dos pesquisadores sociais, ou cientistas como são chamados agora.
É importante em áreas como esta reunião Clacso ouvir o que estamos fazendo nas ciências sociais em Cuba, e é por isso que o evento é fundamental para a delegação de acadêmicos participantes desta nona reunião que está sendo realizada nas instalações da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
PROGRAMA DE EQUIDADE E JUSTIÇA SOCIAL
O sociólogo cubano citou um macroprograma no qual Cuba participa do projeto Clacso, Políticas sociais participativas: claves para la equidad y la sostenibilidad (Políticas sociais participativas: chaves para a equidade e a sustentabilidade), correspondente ao Programa Nacional de Ciência e Tecnologia.
Sociedade Cubana. Desafios e perspectivas no processo de atualização do modelo econômico e social, cujo objetivo geral é contribuir para a formulação de políticas sociais baseadas na gestão participativa, que promovem o desenvolvimento social eqüitativo e sustentável no contexto atual da ilha.
Inclui a sistematização de estudos sobre as desigualdades realizados em Cuba durante a década 2008-2018, o que permitiu identificar propostas de políticas a partir de diferentes perspectivas disciplinares.
Uma descoberta chave deste processo foi a natureza proativa de mais de 60% da pesquisa, que, além de revelar problemas urgentes, propôs soluções para eles.
FÓRUM DE CUBA, AGRESSÕES E DESAFIOS
As declarações do diretor geral da Flacso-Cuba vêm pouco antes do esperado fórum “Cuba: entre agressões e desafios emancipatórios” a ser realizado em 9 de junho na Aula Magna da Faculdade de Economia da Universidade.
Em uma rápida revisão do intenso programa com mais de cem atividades, 250 painéis e mais de 600 mesas redondas, o entrevistado destacou a importância do fórum sobre Cuba e a alta qualidade e conhecimento dos acadêmicos que participarão.
Será realizado um painel de discussão sobre o tema Dinâmica e novas formas de cooperação no Sul global, moderado por Ramón Pichs Madruga do Centro de Pesquisa sobre a Economia Mundial.
Muitos cubanos falarão, incluindo José Luis Rodríguez, do Centro de Pesquisa Econômica Mundial; Antonio Aja, do Centro de Estudos Demográficos da Universidade de Havana; e Armando Fernández, que abordará o tema Mudança Ambiental Global e Metabolismo Social Local.
Também estão na lista Mariela Castro, diretora do Centro Nacional de Educação Sexual; Carola Salas do Centro Internacional de Pesquisa Econômica; Jusmary Gómez do Centro de Pesquisa Psicológica e Sociológica; Enrique Javier Gómez e outros estudiosos.
É muito importante que acadêmicos não cubanos, como Carolina Jiménez, do Departamento de Ciência Política da Universidade Nacional da Colômbia, se apresentem sobre o tema Dinâmica e Novas Formas de Cooperação no Sul Global.
Dr. Darío Salinas Figueredo, do Departamento de Ciências Sociais e Políticas da Universidad Iberoamericana e membro do Conselho de Administração da Clacso, assim como Karima Oliva Bello, da Universidad Veracruzana, México.
O evento será concluído em 10 de junho com uma cerimônia de resumo na tenda principal da UNAM à tarde, e de lá os delegados se mudarão para o Zócalo na Cidade do México para assistir ao show de encerramento do cantor-compositor cubano Silvio Rodríguez.
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